Gratidão...

Nos últimos dias, vocês sabem, passei pelo momento mais difícil de minha vida. Prestes a comemorar dez anos do desencarne de minha mãe, meu pai resolve partir. Foi barra... está sendo ainda, confesso. Apesar de conseguir passar melhor os dias, ainda há momentos em que dói muito intensamente, em especial quando sou traída pelo impulso, como quando quero pegar o telefone e contar algo a ele, ou quando vejo algo interessante na internet e quero lhe enviar um e-mail. Porque nestes momentos a ficha cai de novo, e aí... volta tudo!

Quinta-feira voltei ao trabalho e foi este um dos dias mais duros da semana. Até então, ficando em casa, procurei fazer de tudo para me distrair. Peguei comédias na locadora, saí para ver vitrines, sempre com a "escolta" inseparável da Samara, que tem sido uma companheirona. Mas quinta eu tive que ir para Amparo sozinha... e isso era algo que fazíamos juntos muitas vezes, porque ele também dava aulas lá. Ele ficava me esperando na rodoviária e, quando eu me aproximava, ele virava a cabeça e dizia "tá bonita", de um jeito todo seu, independente de como eu estivesse. Pegávamos o ônibus e, chegando em Amparo, parávamos para tomar um café, fosse na rodoviária ou em alguma padaria. Depois seguíamos para o trabalho, ele me deixava no banco e seguia para a escola no quarteirão seguinte. Várias vezes ele esteve na agência, ou para me levar algo ou para buscar, e as pessoas observavam nossa cumplicidade. Só por essa descrição rápida já dá para perceber o quanto as lembranças vieram na quinta-feira, né? E o quanto foi difícil passar por tudo isso sozinha? :( Na sexta já foi um pouco mais fácil, a primeira vez é que é o complicado mesmo...

E hoje... encontrei uma amiga pelo msn, a quem eu não tinha conseguido avisar ainda, apesar da filha ter Facebook e eu imaginar que ela já soubesse. Ela soube hoje, na verdade, e disse que queria falar comigo porque havia sonhado com minha mãe semana passada, mas que queria falar por telefone porque não sabia exatamente como me contar... porque no sonho minha mãe estava com meu pai! Os dois juntos, felizes! :D Ele já havia partido, ela não sabia mas entendeu que era algo que estava próximo de acontecer, por isso não sabia como me falar. Não fazem ideia de como fiquei feliz com a notícia! Tudo bem, eu sei que nem todo mundo acredita, mas para mim as coisas não terminam aqui, tem muito mais além, e eu já tinha, dentro de mim, a certeza de que eles haviam se reencontrado. Poxa, meu pai esperou por isso quase dez anos! Mas, ao mesmo tempo, eu não sabia se o que ele havia passado no último mês, se a sua "doença" que ainda nem sabíamos ao certo o que era, iria fazer com que precisasse de alguma recuperação após o desencarne. Qual nada! Ele foi rapidinho encontrar minha mãe, isso sim! :)

Enfim... posso dizer que, apesar dos pesares, estou melhor, conseguindo passar os dias sem tanta angústia, sem tanta vontade de chorar... mas chorando ainda quando dá vontade, porque também não sou de ferro, né? E guardar sentimento faz um mal danado, então não seguro mesmo! E, se estou me sentindo assim, muito eu devo a cada um de vocês, amigos, parentes ou apenas conhecidos, que me deram tanto apoio durante os últimos dias. A todos vocês a minha eterna gratidão!


Eu volto, prometo! Aos pouquinhos vou retomando o ritmo e postando um pouco mais.

Andréa

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Tristeza...

Luto, tristeza, saudade... tudo o que mais temia se concretizou na sexta-feira. Apesar de ter mostrado melhora, apesar de confiante em sua recuperação, uma parada cardíaca levou meu pai... não consigo ainda mensurar o que estou sentindo. Dói demais, é um buraco monstro, um vazio imenso que fica. Não sei como vai ser daqui por diante, só sei que vou lutar, vou me reerguer, vou reaprender a viver sem a presença física dele, mas por enquanto está muito difícil.

Nós éramos muito unidos, nos falávamos várias vezes ao dia, "trocávamos figurinha" sobre todos os assuntos, não tínhamos segredos um para o outro... já me peguei várias vezes querendo ligar para ele, e é nessas horas que a dor vem com tudo, porque a "ficha cai" de novo. Mas ele era uma pessoa de uma Fé incomparável, de uma força imensa, que sempre me colocava para cima, e eu tenho que mostrar que aprendi a lição e que conseguirei dar a volta por cima. Como? Ainda não sei, a ferida está muito aberta.

Eu sei apenas que a festa em outros planos foi grande, porque estavam ali minha mãe, meus avós, alguns tios, primos, que certamente o receberam com o maior carinho. Mês que vem faz dez anos de minha mãe, e pelo visto eles quiseram comemorar a data juntos...

Não me revolto, ao contrário. Agradeço a Deus o fato de tê-lo levado sem sofrimento, sem dores, porque seria terrível ver meu pai sofrer. Mas uma alma linda como a dele devia ter seus merecimentos, e ele foi abençoado com uma partida tranquila. Sei que está em paz e feliz rodeado daqueles que ama. Agora tenho que conseguir me fortalecer para que ele não se preocupe comigo e possa seguir seu caminho de luz com tranquilidade.

Andréa

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