Tempo, tempo, tempo...


Há alguns meses resolvi que voltaria a escrever. É algo que gosto demais de fazer, que me faz muito bem, inclusive. No entanto, após alguns poucos textos, parei novamente. E o motivo foi o cansaço extremo que tenho sentido com a intolerância vigente nos dias de hoje. Sério. Eu sei que nem vem exatamente de hoje, porque já toquei neste assunto algumas vezes, mas ao invés de melhorar vem piorando assustadoramente. E o mais grave, vindo de pessoas que quero muito bem, que conheço de longa data.
Durante as eleições de 2014, a política virou quase que uma partida de futebol entre times arquirrivais, onde os nervos inflamados tiraram completamente a razão das pessoas. Em vez demostrar as qualidades de seus candidatos, as pessoas apenas apontavam as falhas dos oponentes, sem se preocupar com a veracidade do que era divulgado. Amizades foram desfeitas, pessoas foram atacadas por não concordar com determinada opinião. Era como se apenas existissem dois caminhos: a favor do PT ou contra ele. Esperava-se que, passadas as eleições, os ânimos amainassem. Ledo engano...
Dilma venceu, e a guerra se intensificou ainda mais entre esquerda e direita. Foram quatro anos recheados de fake news onde a menor preocupação era com a verdade. O importante era atacar (ou defender) o PT, da forma mais incisiva possível. Com todos os escândalos que foram acontecendo neste período, impeachment de Dilma, prisão de Lula, os ataques (e a defesa do PT, em contrapartida) se multiplicaram, explodiram!
E então começaram a se aproximar as eleições de 2018 e, com elas, mais uma vez, a guerra entre esquerda e direita se acentuou. E, apesar de haver diversos candidatos em oposição ao governo que se encerrava, os eleitores "de direita" foram se concentrando no candidato mais extremista possível, aquele que destilava discursos de ódio, preconceito e intolerância nos mais diversos aspectos. Compreensível por um lado, assustador por outro, dia após dia o dito candidato foi crescendo nas pesquisas, como se não houvesse outra opção, chegando ao segundo turno contra o candidato do PT. E aí, acentuando ainda mais os extremismos, acabou por sair vitorioso.
Bom, pelo menos agora a "guerra" diminuiu, né? Qual nada! Apenas houve uma troca entre "situação" e "oposição", porque de resto... tudo continua igualzinho. Ou até pior! Porque durante o governo do PT (ou do Temer, após a queda da Dilma), as defesas e as críticas ocorriam, muitas vezes utilizando mentiras, mas era diferente de agora. Agora as pessoas que votaram no atual presidente parecem que precisam "provar" que fizeram a escolha certa, então defendem atitudes absurdas do novo governo (e, sim, são muitas), armando-se de argumentos os mais absurdos, utilizando-se dos mesmos componentes de intolerância, ódio, preconceito que o então candidato utilizava na eleição. Por outro lado, os esquerdistas vêm atacando estas mesmas atitudes com argumentos muitas vezes vazios ou que apenas defendem a liberdade de Lula. Continuamos vivendo em polaridades, como eu disse em um texto anterior.
Os dois lados, para embasar seus pontos de vista, disseminam fake news, como antes, sem o menor pudor. Pior, alguns nem se importam MESMO com o fato de estar divulgando mentiras! Sério! Estes dias alertei uma amiga sobre uma notícia de 2014 (!!!) que ela estava compartilhando como atual, e ela me respondeu "mas bem que podia ser de agora". Podia, não era, era justamente do governo petista que ela tentava atacar, bolas! Então, se ela estava aplaudindo a notícia como algo positivo, estava, ainda que indiretamente, elogiando algo ocorrido no governo anterior. O que, claro, não tem absolutamente nada de errado! Nenhum governo (ninguém, na verdade) é 100% bom ou ruim, basta que tenhamos clareza e crítica para reconhecer cada atitude ou fato como deve ser, sem paixões exacerbadas. E o que mais me assusta é ver postagens com este teor vindas de amigos queridos, que conheço de longa data, e que eu SEI serem pessoas boníssimas, com atitudes na vida pessoal muito diferentes do discurso que vêm propagando.
Em tempo: NUNCA votei no PT (apesar de ter balançado no segundo turno das eleições de 1989 e nesta de agora, justamente por não querer Collor e nem Bolsonaro), tampouco votei no atual presidente, o que me deixa bastante confortável para concordar ou discordar de quem quer que seja. Até porquê nunca tive "político de estimação". Adorar só adoro a Deus e ao Cristo. Pessoas de carne e osso, para mim, no máximo são amadas, desde que tenhamos consciência de seus defeitos e qualidades. Ninguém é perfeito ou livre de cometer erros, nem eu, nem você, e muito menos os governantes, que em boa parte das vezes vai agir em prol de seus interesses antes de pensar na população.
Não estou aqui me isentando de responsabilidade não, jamais deixei de votar, apenas não consegui MESMO escolher entre dois candidatos que eu simplesmente não queria, seja por questão ideológica, seja por medo (sim, este presidente me assusta MUITO!), e acabei usando meu direito de anular e deixar que os outros decidissem algo que eu não queria de qualquer forma. E, de mais a mais, não estou aqui para debater política. Já parei de falar disso há MUITO tempo, porque realmente não tenho mais paciência. A questão central, para mim, é mesmo a intolerância que impera as relações atualmente. Reais e virtuais. TUDO é motivo de encrenca. Como este meme, que retrata exatamente o que acontece hoje:

Vale para tudo, tudo mesmo, e eu já até falei aqui algumas vezes a respeito. No banco eu percebo pessoas que chegam à agência prontas para brigar, seja qual for o motivo. Como disse ao segurança outro dia: do jeito que as coisas estão, se eu der "bom dia" e já tiver passado de meio-dia, é capaz de gritarem comigo que já é "boa tarde"! Porque está neste nível. As pessoas brigam para ver quem é mais prioritário, pedem informação e não esperam você falar, já saem gritando e dizendo que você não está entendendo, querem ajuda mas não sabem esperar a vez, interrompem o atendimento do outro... é sério! Passo por isso diariamente, várias vezes ao dia!
E na internet, protegidos pela distância física, o fato de não estar "cara a cara", e muitas vezes um "pseudoanonimato", as pessoas se exaltam ainda mais, por coisas muito pequenas! Julgam o outro (e condenam, o que é ainda pior) com uma facilidade absurda. Outro dia, só para dar um exemplo, vi um vídeo muito fofo de uma moça que gravou a cadelinha dela indo até a cerca e dividindo seu cobertor com um cãozinho que estava na rua. Para quê??? Choveram críticas! Que ela tinha que ter colocado um cobertor para o cãozinho! (alguém sabia se ela TINHA um cobertor disponível? Se fosse eu, não teria, lamento.) Mas por quê ela não adotou o cãozinho? (e no post ela até dizia que ele já estava acolhido, mas as pessoas só leem o que interessa...) E por aí foi! Não tem cabimento!!! Se cada um cuidasse mais de sua própria vida e menos da alheia, viveríamos bem melhor, sabem?
E eu estou numa fase que realmente a paciência tem me faltado para essas coisas. Tenho passado tanta coisa desde aquela enchente há mais de oito anos (e não, minha vida não se resolveu desde então, continuo passando "poucas e boas", apesar de poucos saberem a realidade), que sinceramente não dá para ficar procurando "pelo em casca de ovo" e menos ainda me desgastando com o que não vale a pena. Estou muito cansada, de verdade, de ver tanta briga, tanta mentira, tanto ódio sendo espalhado, ainda mais precisando manter a cabeça serena para dar conta da minha vida e dos rolos que vêm se acumulando desde 2011.
Com isso, fui parando de escrever... até elaborei uns dois ou três textos, mas não publiquei. E por enquanto vou dar um tempo por aqui mesmo. Não vou desativar o blog por completo, porque ainda pretendo voltar em algum momento, e também quero reativar a loja, estou trabalhando para isso mas as "encrencas" interferiram na forma como vou poder fazer isso. Então prefiro por enquanto ficar mais na minha, curtindo Gregório e Ágatha, e a delícia de ser tia-vó, e tentando acertar minha vida de uma vez, porque mais de 8 anos é tempo demais para estar enrolada, né? Já deu!
Eu volto. Só que desta vez, não faço mesmo ideia de quando!
Andrea

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