20 anos sem minha Vovinha Baixinha...



Que loucura como passa o tempo... 20 anos! Você foi a última dos quatro avós a nos deixar, e para mim a mais difícil, com toda a certeza. Não porque gostasse mais de você que dos outros, mas porque era com quem tinha mesmo mais afinidade. Era com quem ficava à vontade para conversar sobre qualquer assunto. Um encontro de almas, realmente.

Quando, em 1993, vovô "abriu a fila", indo embora daquela forma tão repentina, você já estava doente. Já vinha lutando há tempos, chegou a ficar sem andar e ele lhe fez ficar de pé novamente. E, quando conseguiu... se mandou e nos deixou falando sozinhos. :( Não esqueço jamais a visão da sua chegada para a despedida dele... tão pequenina, tão frágil, que eu jurava que não chegaria nem ao dia seguinte. Mas qual! Era uma LEOA mesmo, guerreira, valente, que nos disse que ele havia lutado para lhe ver de pé e que você não iria cair! :D Lutou ainda três anos, jamais se entregou, mas a "bendita" muitas vezes é implacável. 

A sua "fase final" foi sofrida... mas nem assim você esmoreceu. Não pude estar mais perto de você nesse período, porque tínhamos a loja, que segurei para mamãe ficar ao seu lado, Alessandra estava esperando a Thabata, chegou a ter ameaças de parto prematuro, Samara era pequenina, menos de 2 anos... mas estávamos juntas, como sempre estivemos. Em alma, em coração. E continuamos assim! ;)

Samara foi um capítulo à parte. Ela amava tanto, tanto, tanto a Bisa dela... como esquecer você levantando para ir ao banheiro e ela lhe dando a mãozinha para ajudar, e esperando do lado de fora para lhe acompanhar de volta ao sofá? ;) Tinha um cuidado, uma delicadeza com você, que emocionava a quem via! Quando você foi para o hospital ela ficou super mal humorada, mexida mesmo... um dia, quando mamãe voltou para casa depois de passar a noite com você, ela mostrou uma foto sua com vovô e disse "o biso 'perando a bisa, casa dela"... :'( Como podia, tão pequena, saber tanto???

E na noite de sua partida ela sentiu... chamou muito você enquanto dormia. Depois soube por mamãe que você a chamava também. Depois da notícia da sua partida, ela parecia outra, alegre, como que aliviada por lhe ver livre da dor. Coisas que ninguém explica! ;)

Naquela fase, a música "Se todos fossem iguais a você" se tornou uma constante em minha cabeça... era como se eu a cantasse para você. Na última noite, não conseguia "desligar o som", ela ficou constante, uma despedida nossa, sei lá. Até hoje, sempre que ouço essa música, sinto como se estivesse perto de mim... bom, talvez esteja, mesmo que eu não veja, né? :)

Ah... quanta saudade eu tenho da minha "Dona Benta" nas brincadeiras do Sítio do Picapau Amarelo, que fazia "Mary Poppins" para o lanche, com quem eu passeava por Botafogo, indo até a Mena comprar roupinhas para boneca, ou até a Sears (parando para um sanduíche de sorvete no caminho). Minha "Vovinha Baixinha"... apelido cheio de carinho que lhe dei ainda menina e que você gostava tanto... que brincava comigo de bola, de "mamãe posso ir", e de tantas outras coisas, no pátio da Estácio Coimbra... quantas lembranças e quanta saudade!!!

Vovinha... hoje o dia aí é de festa, de celebração! Então receba meu amor, meu carinho imenso! Que uma chuva de beijos chegue até você hoje, tá? AMO MUITO VOCÊ!

Andréa


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