Por onde anda o amor, o respeito, a compaixão?



Eu havia prometido uma postagem sobre dicas, mas nos últimos dias tenho visto algumas coisas que me incomodam bastante. Já abordei alguns aspectos anteriormente, se buscarem aqui no blog... mas, sério, tem coisas que não entram em minha cabeça, e alguns acontecimentos recentes me fizeram adiar o outro post e começar a escrever.


O acidente sofrido pela família de Angélica e Luciano Huck domingo passado reacendeu algo que há muito me assusta: a mesquinharia, a pequenez, e até a agressividade de certas pessoas. Enquanto vi diversas pessoas preocupadas, em especial com as três crianças que também estavam no voo, vi também comentários os mais absurdos. Desde o "por mim podiam morrer todos" até o "para quê transferir para o Albert Einstein? Não pode se tratar no SUS?", passando ainda por críticas duras a quem postava sua preocupação. Por quê? O simples fato do casal ter dinheiro e condições que a maioria não possui é motivo para que se queira seu mal? :/ DU-VI-DO que qualquer um destes que ataca, tendo condições financeiras de bancar um Einstein, ia permitir que sua família permanecesse sendo atendida pelo SUS! "Ah, mas eles foram super bem atendidos pelo SUS! E o Luciano criticava o sistema! Ele precisa se retratar! Viram como o SUS é ótimo?" Oi??? o.O

Olha, vamos ser sinceros: o SUS até funciona relativamente bem em alguns locais, tem atendimento de referência em outros, mas está longe de ser ótimo. Não fosse assim, não veríamos pessoas largadas em macas, no chão, à espera de atendimento. Nem pessoas dormindo em filas para pegar senhas e tentarem ser atendidos mais rapidamente. Ou morrendo porque os exames necessários ao seu diagnóstico demoram demais para serem feitos. 

Quando mudamos para Serra Negra, cancelamos o plano de saúde que possuíamos e passamos a usar o SUS. Fomos muito bem atendidos quase sempre, os profissionais, de modo geral, eram excelentes. Mas a precariedade do sistema era evidente também. Quando meu pai adoeceu, foi atendido quase 100% pelo SUS, mas eu cheguei a bancar do bolso alguns exames que a demora seria excessiva. E alguns outros exames, marcados "para logo" (duas, três semanas), ele não teve tempo de fazer, porque faleceu antes, sem fechar diagnóstico... :( 

Tempos depois, a Thabata teve pneumonia, ficou quase 10 dias com febre alta, foi ao hospital três vezes e a mandavam de volta, dizendo que o pulmão estava limpo (sem fazer chapa, "não precisava") e que era só uma gripe! Precisei pagar um médico particular para que ele a mandasse internar imediatamente. Na chapa que ele mandou tirar, ficou evidente que os dois pulmões estavam tomados! Então, tem os dois lados SIM! O SUS pode funcionar em alguns casos, em alguns locais, mas está longe, muito longe, de poder ser considerado ótimo de forma unânime.

E, de qualquer maneira, em hipótese alguma justifica a onda de comentários negativos, maldosos mesmo, que se propagaram pela internet afora. E não é fato isolado. Aconteceu o mesmo quando da morte do filho do governador Geraldo Alckmin. Muitos chegaram a comemorar a tragédia, simplesmente por não aprovarem a atuação do pai no governo do estado! o.O Da mesma forma que vejo antipetistas "torcendo" pelo agravamento da doença do Lula, como forma de impedi-lo de concorrer nas próximas eleições presidenciais. :( Ou como vi petistas comemorando a morte do Eduardo Campos porque o viam como "ameaça" à eleição de Dilma! Chega a ser nojento, desculpem!

Juro, não consigo entender isso!!! Algumas pessoas não chegam a "desejar o mal", mas minimizam a dor dos "famosos" mostrando casos similares ou pessoas envolvidas que, por não terem a mesma fama não recebem o mesmo destaque da imprensa. É ÓBVIO que as tragédias repercutem para todos os envolvidos, e que a dor é a mesma para todos aqueles que perdem entes queridos nelas. Mas é claro também que a imprensa se dedicará muito mais àquelas pessoas que já se destacam, de uma forma ou de outra. Se são conhecidos do público em geral, é natural que ocorra uma comoção e que as pessoas queiram saber detalhes, o desfecho. Mas não é assim em todo o mundo? Ah, quando é repercussão da imprensa mundial é bacana, se é da brasileira é lixo? Tudo que é "importado" é melhor, né? Até isso... :/ É mesquinho demais, pequeno demais!!!

Então eu lembro da Isabela Nardoni, que ganhou notoriedade em uma tragédia monstro, gerando uma incitação ao ódio de proporções gigantescas, enquanto que casos similares ocorridos na mesma época nem eram comentados. Chegaram a ser noticiados, mas "minguaram" pela falta de interesse. Cheguei a escrever sobre isso após o julgamento do pai e da madrasta. Qual a diferença? A população pode fazer essa "seleção" do que vale ou não a pena (uma menina bonita da classe média paulista revolta, um menino pobre do interior do Pará não), mas quer que a imprensa não reflita isso? A imprensa vai atrás do que é notícia, do que dá Ibope ou vende jornal! Óbvio! Sem contar que a reação popular ao caso da Isabela foi algo, no mínimo, grotesco! Uma barbárie, um "querer fazer justiça com as próprias mãos" absurdo. Justiça? Ou vingança?


E aí eu penso naqueles jovens que torturam, matam para roubar um tênis, um celular, uma bicicleta... será que estes não estão extrapolando algo que está disseminado pela sociedade? O de querer o que é do outro, o se incomodar com o sucesso do outro, o se rebelar por não ter a mesma "sorte" do outro? Agravado, em boa parte dos casos, com a adicção às drogas, que detonam o limite entre certo e errado, a coisa sai de controle totalmente. Será que aqueles que citei acima, em outra situação, sem ter o "polimento", o "verniz", não acabariam agindo como estes jovens? Aliás, quantas vezes encontramos pessoas de caráter supostamente ilibado cometendo crimes hediondos? Mas a reação contra estes nunca é igual à reação de um crime cometido por um jovem. Por quê? Não vou entrar aqui na questão da pena de morte ou da redução da maioridade penal, porque teria que me estender demais, não é o caso. Estou olhando apenas as ATITUDES das pessoas, que têm me assustado e muito!


O homem tem essa mania mesmo, de julgar o outro com um rigor que não aplica a si mesmo. Vê a notícia do empreiteiro que oferece propina para aprovar suas obras e já sai dizendo que ele é corrupto, ladrão, uma criatura da pior espécie, mas acha normal oferecer propina para o guarda "esquecer" a multa. Não é assim? :/ Qual a diferença na atitude de ambos?


Vale para tudo! Estes dias vi discussões inflamadas porque a Bela Gil postou uma foto do lanche que preparou para sua filha, totalmente "natureba". Muitos acharam absurdo, alguns defenderam, mas cá entre nós... a filha é DELA, quem tem que saber a melhor alimentação para a menina, é ELA, né não? ;) Se ela é vegana, vegetariana, ou simplesmente se não usa açúcar, comidas industrializadas, etc., por que deveria oferecer estas coisas à filha? É a filosofia de vida que ela segue, e nada mais natural do que ensiná-la à filha. Se, ao crescer, a filha vai seguir esta filosofia, são outros quinhentos! Se, na escola ou em uma festinha, a menina resolver experimentar algo que não é ofertado em casa, idem. Mas, enquanto é pequena, em casa, no restaurante, no lanche que leva para a escola, CLARO que é a mãe quem vai orientá-la! Depois ela usará seu livre-arbítrio para fazer sua escolha de forma consciente. E um detalhe importante: alguém pode afirmar com segurança que a menina não participou da escolha daquilo que foi na lancheira? ;) O fato de pensar diferente, o fato de o seu filho jamais pensar num lanche daquele, ou de você próprio jamais querer aquilo de lanche, não significa que a filha da Bela Gil não possa querer! Caramba! Menos pitaco na vida alheia, gente... 


Nós, em casa, deixamos de comer carne há muitos anos. Não chegamos a nos tornar veganos, mas ovolactovegetarianos. E quando paramos com a carne, minha mãe ouviu de minha avó: "tinha certeza que pararia de comer carne algum dia. Quando pequena era uma luta para lhe fazer comer, você engasgava, tinha ânsia, um horror!" Mas, como a sociedade "impõe" a carne, ela acreditava que devia forçar a barra. A escolha consciente veio, na hora certa. Vale para um lado ou para o outro! ;)


É a mesma coisa que religião, cada família tem a sua, e vai orientar as crianças de acordo com suas crenças. Não é assim? Isso não significa que a criança, ao crescer, vai continuar seguindo a mesma religião dos pais! Meu pai nasceu em família católica, mas se tornou espírita depois que passou a namorar minha mãe. Sendo espíritas, eles não casaram na igreja nem batizaram a mim ou minha irmã, não teria sentido. Eu, como segui na linha do espiritismo, nunca me incomodei com isto, mas minha irmã quis, já adulta, se batizar. Uma escolha dela, totalmente respeitada por todos.


Mas TUDO hoje em dia é motivo de discussão, se o outro não pensa da mesma forma. Seja política, futebol, religião, se é mais legal ter gato ou cachorro, se é mais bonito azul ou amarelo... :P Cada lado mais intransigente que o outro, mais inflamado que o outro, mais agressivo que o outro! Para quê??? Onde isso nos levará? Com certeza a uma sociedade a cada dia mais falida, mais mesquinha, mais violenta. Com certeza conseguiremos que nosso planetinha tenha um astral muito mais pesado, carregado. Legal, né? :(


Falta AMOR nas relações, falei sobre isso outro dia. AMOR, gente. RESPEITO ao próximo, às opiniões do outro. Falta COMPAIXÃO. Vamos descer deste pedestal de "donos da verdade" e olhar para o outro como a um irmão, e não como a um inimigo? Será tão difícil assim? Eu penso que não... ;) 


Eu volto.


Andrea

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Religiosidade... a busca da Verdade


Esta semana andei meio relapsa... cansaço físico e mental, unidos à uma certa preguiça por causa do friozinho que se instalou, fez com que os dias passassem e eu não publicasse nada por aqui. :D Estou com algumas ideias de textos, dicas, então tentarei aparecer o quanto antes, ok? ;)

Como este mês ainda não publiquei nada de meu pai, fui olhar os textos dele para escolher algum. Trabalho difícil... textos escritos há mais de 20 anos e ainda tão atuais! o.O Bom ou ruim isso? No mínimo um sinal de que a humanidade não tem evoluído muito, eu acho... 

Escolhi um que fala sobre a religiosidade, que penso caber muito bem numa época em que as pessoas defendem suas crenças de forma incisiva, meio que torcida de futebol... cada qual se acha mais certo que o outro, cada qual acredita estar ao lado da Verdade Única e Definitiva, como se esta existisse! Toda religião traz em si a Verdade adequada para as pessoas que nela se sentem confortáveis. Mesmo quando a pessoa tem uma crença própria que não se encaixa em uma religião formal, também tem ali uma Verdade. ;) 

Mas... para quê ficar falando de algo que "seu Ronaldo" já escreveu tão bem, né? ;) Deliciem-se!

Eu volto!

Andrea
NÃO SE DEIXE ENGANAR 
(Ronaldo Tikhomiroff)
Desde o nascimento da Humanidade na face da Terra, desde que o homem tomou consciência de suas diferenças em relação aos demais seres vivos, que ele se pergunta sobre as leis da Natureza, sobre suas origens transcendentais, sobre o enigma do processo de nascimento e morte, sobre sua vida aqui e em outros planos espirituais.
Esquecido de sua origem divina, porém com a lembrança latente em seu interior, o homem procurou explicar sua presença na Terra através de mitos, superstições e lendas, que, ao longo do tempo se materializaram em seitas e religiões onde se criou a figura de um deus ou de deuses que manipulavam, com todos os defeitos  e paixões humanas, a vida do pobre homem terrestre. Eram as religiões antigas, chamadas por Einstein de “religiões-angústia”, onde seus deuses mantinham o homem sob o jugo constante de suas “vinganças” e castigos. Essas religiões foram se extinguindo, dando origem às religiões dos tempos atuais, chamadas, também por Einstein, de religiões-morais.
Como conseqüência da evolução mental e espiritual do ser humano não ter sido acompanhada por evoluções estruturais das religiões ditas modernas, constatamos cada vez mais a fuga de fiéis dessas religiões, que passam a buscar o conforto para algo que os incomoda, algo que trazem em seu íntimo e que não encontraram explicações até então. E aí se tornam frágeis...
Frágeis e presas fáceis para os exploradores da fé. Além da proliferação de novas seitas e “religiões”, o crescimento do misticismo e do esoterismo gerou o surgimento de autênticos “donos da verdade”, uma verdadeira indústria que explora a fé, ou falta de fé, alheia.
É preciso cuidado, muito cuidado, ao nos envolvermos com tais assuntos. O movimento da nova era (New Age), originado na Califórnia, cujos fundamentos entendemos verdadeiros e sérios, motivou o surgimento de verdadeiros arautos dos “novos tempos”, sem nenhum conhecimento mais profundo senão a cultura adquirida na literatura, por vezes duvidosa. A grande maioria não distribui seus “conhecimentos” senão através de um ganho financeiro, o que, por si só, os auto-condena. Afinal, os verdadeiros arautos do Plano Espiritual são meros e humildes instrumentos em cujo ego não cabe a vaidade ou a cobiça.
Como disse acima, o verdadeiro conhecimento está dentro de cada um de nós. Todos possuímos gravado em nosso íntimo, latente em nosso Eu Interno, a lembrança de nosso vínculo cósmico. Antes de sairmos em busca de respostas, porque não as procuramos em nós mesmos? Da mesma forma que qualquer religião é boa para aqueles que sentem o conforto espiritual em seu seio, qualquer crença em conceitos esotéricos também o é, desde que o indivíduo se pergunte com toda a honestidade: “isto me satisfaz plenamente?”.

Para se alcançar tal estágio, é necessário, evidentemente, pesquisar. A cada novo “conhecimento” adquirido, pergunte a seu íntimo se tal informação REALMENTE se encaixa dentro de você. Caso positivo, retire as aspas e absorva o SEU novo conhecimento. Em outras palavras, não busque um gnomo, um anjo, ou uma posição filosófica simplesmente porque disseram que é verdadeira. Afinal, quem disse? Quem é o dono da verdade? O que é a verdade? Observe que somente seu Eu Interno é capaz de lhe dar a resposta correta, através de uma gostosa calma interior. Simplesmente porque seu Eu Interno não usa o mental ou o emocional para “raciocinar”.
Cada indivíduo atualmente encarnado na face da Terra possui um nível evolutivo próprio. Cada qual, portanto, necessita de um determinado nível de informação, adequado a seu estágio evolutivo. Portanto, todas as religiões tem seu valor, pois todas são verdadeiras - desde que não manipuladas pelo homem - para aqueles que delas se alimentam espiritualmente e delas extraem seu conforto espiritual. Da mesma forma, se um indivíduo chega a seu conforto espiritual por seus próprios pés, sem adotar nenhuma das religiões hoje rotuladas e nomeadas, ele também possui uma religião, ou uma religiosidade: a sua própria, tão válida quanto as demais, pois o objetivo também foi alcançado: a abertura do canal com o Plano Espiritual.
Não vejo nessas linhas nenhuma heresia, nenhuma crítica, senão a própria razão de ser desta coluna: “Sinal de Alerta”. Afinal, todos nós temos, ou deveríamos ter, a certeza absoluta de que, dentro de nós, existe algo transcendental, sublime, divino. Cada um de nós carrega em seu íntimo a partícula energética de nosso Pai. Cabe a nós mesmos encontrar o caminho que nos levará ao encontro com Ele. Será a minha verdade igual à sua? Busque orientação sim, se você a necessita. Porém deixe seu íntimo concluir e filtrar sua própria verdade. Aí sim, você sentirá o calor confortável e tranqüilo da verdadeira fé que a ninguém pertence senão a você próprio. Não se deixe manipular. Não se deixe enganar...

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Uma saudade de quatro anos...


Hoje faz quatro anos do meu maior pesadelo... :'( Dez anos antes, quando minha mãe partiu, foi tudo muito de surpresa, um susto mesmo, até pela forma como ela foi. Eu nunca tinha, até então, pensado seriamente em ficar sem meus pais e, de repente, um enfarte fulminante a levou. Um "murro na boca do estômago", como meu pai colocou, que nos deixou sem ar, sem chão, num sentido de irrealidade absurdo. 


Eu sempre fui "unha e carne" com minha mãe, nós nos entendíamos de uma forma absurda, pensávamos da mesma maneira, gostávamos das mesmas coisas. Meu pai até me chamava de "advogada" dela, porque sempre lhe dava razão! :D Não a ter ao meu lado, de uma hora para a outra, foi um baque monstruoso! :( Mas eu tinha as meninas muito pequenas, que entendiam a situação menos do que eu, e tinha meu pai ao meu lado. Ainda que tenha ficado em depressão durante um ano e meio, ele estava lá, tentando me dar uma força que ele próprio não possuía. E eu, de minha parte, procurava lhe dar força também, ao mesmo tempo que buscava amparar as meninas.

A aproximação que resultou desta dor foi algo imensurável! Éramos os dois para segurar a barra das pequenas, para segurar a barra de casa, e a ausência de uma verdadeira matriarca. Ainda que ele tenha, durante os anos seguintes, tido relações com outras mulheres, o que existia entre nós era impenetrável, indestrutível. Não havia tabu, não havia assunto proibido. Um apoiava o outro incondicionalmente. 

Assim foi durante dez anos. Comemoramos juntos a vitória do prefeito que apoiávamos em Serra Negra. Vibramos juntos no pentacampeonato. Sofremos juntos quando o sucessor do prefeito foi derrotado. Estávamos juntos quando a Thabata começou a se envolver com drogas. Ele segurando a onda mais do que eu até, porque eu trabalhava fora da cidade e fazia faculdade à noite. Choramos juntos dançando a valsa na minha formatura. E ele me segurou, MUITO, quando aconteceu a primeira enchente em casa...

Eu confesso que, a partir do momento em que minha mãe faleceu o terror de perdê-lo me assombrava, não gostava nem de pensar no assunto. E ele, sendo homem (e bom filho de dona Glacy...), qualquer gripe parecia que estava morrendo, só piorava as coisas! :P Tive muito, muito medo dele não estar presente em minha formatura, como se algo me dissesse que estava próxima a nossa separação física. O discurso de homenagem aos pais, no dia da minha colação, feito por um rapaz que havia perdido o pai quinze dias antes me tocou profundamente, porque temi demais passar por aquilo.

Então, pouco depois do baile e da enchente, a coisa começou a desandar. Uma gripe que não passava, uma internação por causa de anemia levantando a suspeita de um tumor, cada hora uma coisinha que ia surgindo, uma nova internação... um período terrível, que durou pouco mais de um mês (mas pareceu bem mais) e que acabou por levá-lo. :'(

Jamais me rebelei... ao contrário: agradeci e agradeço a Deus diariamente por não tê-lo deixado sofrer. Aqueles poucos/tantos dias foram enfrentados com uma valentia típica daquele que me dava força com duas palavras decisivas: "tenha Fé". Ainda hoje, quando algum percalço da vida me atropela, pareço escutá-lo: "tenha Fé". :)

De uma hora para outra eu me vi no "topo da pirâmide", responsável única e exclusiva pela família. Com uma irmã meio descabeçada, uma sobrinha chegando ao fundo do poço por conta das drogas (e sentindo demais a perda do seu referencial masculino), e uma outra que se mostrou, mais uma vez, minha parceira de vida!  Foi com o apoio da Samara, ainda só uma menina, que segurei a barra da internação da Thabata, a perda da minha Milla, a segunda enchente, e a terceira também, mais todo o baque financeiro que resultou disso. Como sobrevivi a tanta coisa? Ouvindo (e seguindo à risca) as duas palavrinhas mágicas de meu pai: "tenha Fé"! ;)

Eu SEI que ele (assim como minha mãe) está sempre por perto, olhando por nós. Mas como faz falta poder FALAR, poder ABRAÇAR, poder OUVIR... sem contar que em determinados momentos parece que tudo retorna, né? Outro dia cheguei em casa e me peguei pensando: "nossa, que bom que cheguei cedo, posso ligar para o meu pai"! Oi??? Claro, ele devia estar próximo... mas o emocional balança nessas horas, viu? :/

Óbvio que a dor, a esta, altura já diminuiu e se tornou uma saudade que permite lembrar dele achando graça das suas "bobagens", rindo das suas palhaçadas, sentindo ternura pelos pequenos carinhos que ele colocava em cada gesto, cada palavra. Os emails assinados com "bjs, Papai", o jeito dele me olhar dizendo "tá bonita", o café com pão na chapa na padaria (que o "língua de amianto" bebia de uma golada!), as idas para Amparo para trabalhar, reparando nas árvores do caminho ("o velho" era a sua preferida)... tantos pequenos/grandes detalhes! 

É uma saudade que a cada 06 de maio se renova... 

Ah, mas não pensem vocês que eu estou triste ou deprimida. De forma alguma!!! Sou filha de "seu" Ronaldo e "dona" Solange, isso não me pertence! ;) Apenas hoje é dia de lembrar daquele que foi meu maior e melhor amigo. É dia, até mesmo, de deixar correr algumas lágrimas por aquele para quem "nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito, nada é maior que o meu amor, nem mais bonito". ;)


Amo MUITO você, meu pai! Um dia a gente se encontra, certeza!!!

Andrea

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Amor, eterno amor!


Esta semana marca um reencontro de duas almas-gêmeas, que após dez anos separados finalmente puderam estar juntos novamente. Ainda faltam alguns dias, mas podemos iniciar celebrando o amor, não??? ;) E que melhor forma de fazer isso do que com uma poesia de minha mãe para meu pai, mais de quarenta anos atrás? :D

O post especial está sendo preparado com todo o carinho, o scrap até está pronto já. Mas isso tudo... só no dia certo! Não que a saudade tenha dia, claro... 

Eu volto...

Andréa

HOJE E SEMPRE(Solange Tikhomiroff - dez/1974)
Depois de tanto tempo de união,
Com tantas lutas, alegrias e cansaços,
Ainda sinto a mesma emoção
Quando você me aperta em seus braços...
Depois de vivermos uma vida inteira,
Com tantas coisas para recordar,
Ainda sinto a força derradeira
Dessa ternura que tem em seu olhar...
Depois de tudo que já aconteceu,
Com realidades que jamais sonhei,
Ainda sinto no sorriso seu,
A mesma paz de quando lhe encontrei...
Depois de termos tanta convivência,
Com algumas brigas e muita meiguice,
Ainda sinto em minha existência,
O mesmo amor de minha meninice...
Depois de nossa atual maturidade,
Com equilíbrio e certeza no pensar,
Ainda espero com a mesma ansiedade,
Que você chegue em casa pra jantar!

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