quinta-feira, 28 de maio de 2015

Por onde anda o amor, o respeito, a compaixão?



Eu havia prometido uma postagem sobre dicas, mas nos últimos dias tenho visto algumas coisas que me incomodam bastante. Já abordei alguns aspectos anteriormente, se buscarem aqui no blog... mas, sério, tem coisas que não entram em minha cabeça, e alguns acontecimentos recentes me fizeram adiar o outro post e começar a escrever.


O acidente sofrido pela família de Angélica e Luciano Huck domingo passado reacendeu algo que há muito me assusta: a mesquinharia, a pequenez, e até a agressividade de certas pessoas. Enquanto vi diversas pessoas preocupadas, em especial com as três crianças que também estavam no voo, vi também comentários os mais absurdos. Desde o "por mim podiam morrer todos" até o "para quê transferir para o Albert Einstein? Não pode se tratar no SUS?", passando ainda por críticas duras a quem postava sua preocupação. Por quê? O simples fato do casal ter dinheiro e condições que a maioria não possui é motivo para que se queira seu mal? :/ DU-VI-DO que qualquer um destes que ataca, tendo condições financeiras de bancar um Einstein, ia permitir que sua família permanecesse sendo atendida pelo SUS! "Ah, mas eles foram super bem atendidos pelo SUS! E o Luciano criticava o sistema! Ele precisa se retratar! Viram como o SUS é ótimo?" Oi??? o.O

Olha, vamos ser sinceros: o SUS até funciona relativamente bem em alguns locais, tem atendimento de referência em outros, mas está longe de ser ótimo. Não fosse assim, não veríamos pessoas largadas em macas, no chão, à espera de atendimento. Nem pessoas dormindo em filas para pegar senhas e tentarem ser atendidos mais rapidamente. Ou morrendo porque os exames necessários ao seu diagnóstico demoram demais para serem feitos. 

Quando mudamos para Serra Negra, cancelamos o plano de saúde que possuíamos e passamos a usar o SUS. Fomos muito bem atendidos quase sempre, os profissionais, de modo geral, eram excelentes. Mas a precariedade do sistema era evidente também. Quando meu pai adoeceu, foi atendido quase 100% pelo SUS, mas eu cheguei a bancar do bolso alguns exames que a demora seria excessiva. E alguns outros exames, marcados "para logo" (duas, três semanas), ele não teve tempo de fazer, porque faleceu antes, sem fechar diagnóstico... :( 

Tempos depois, a Thabata teve pneumonia, ficou quase 10 dias com febre alta, foi ao hospital três vezes e a mandavam de volta, dizendo que o pulmão estava limpo (sem fazer chapa, "não precisava") e que era só uma gripe! Precisei pagar um médico particular para que ele a mandasse internar imediatamente. Na chapa que ele mandou tirar, ficou evidente que os dois pulmões estavam tomados! Então, tem os dois lados SIM! O SUS pode funcionar em alguns casos, em alguns locais, mas está longe, muito longe, de poder ser considerado ótimo de forma unânime.

E, de qualquer maneira, em hipótese alguma justifica a onda de comentários negativos, maldosos mesmo, que se propagaram pela internet afora. E não é fato isolado. Aconteceu o mesmo quando da morte do filho do governador Geraldo Alckmin. Muitos chegaram a comemorar a tragédia, simplesmente por não aprovarem a atuação do pai no governo do estado! o.O Da mesma forma que vejo antipetistas "torcendo" pelo agravamento da doença do Lula, como forma de impedi-lo de concorrer nas próximas eleições presidenciais. :( Ou como vi petistas comemorando a morte do Eduardo Campos porque o viam como "ameaça" à eleição de Dilma! Chega a ser nojento, desculpem!

Juro, não consigo entender isso!!! Algumas pessoas não chegam a "desejar o mal", mas minimizam a dor dos "famosos" mostrando casos similares ou pessoas envolvidas que, por não terem a mesma fama não recebem o mesmo destaque da imprensa. É ÓBVIO que as tragédias repercutem para todos os envolvidos, e que a dor é a mesma para todos aqueles que perdem entes queridos nelas. Mas é claro também que a imprensa se dedicará muito mais àquelas pessoas que já se destacam, de uma forma ou de outra. Se são conhecidos do público em geral, é natural que ocorra uma comoção e que as pessoas queiram saber detalhes, o desfecho. Mas não é assim em todo o mundo? Ah, quando é repercussão da imprensa mundial é bacana, se é da brasileira é lixo? Tudo que é "importado" é melhor, né? Até isso... :/ É mesquinho demais, pequeno demais!!!

Então eu lembro da Isabela Nardoni, que ganhou notoriedade em uma tragédia monstro, gerando uma incitação ao ódio de proporções gigantescas, enquanto que casos similares ocorridos na mesma época nem eram comentados. Chegaram a ser noticiados, mas "minguaram" pela falta de interesse. Cheguei a escrever sobre isso após o julgamento do pai e da madrasta. Qual a diferença? A população pode fazer essa "seleção" do que vale ou não a pena (uma menina bonita da classe média paulista revolta, um menino pobre do interior do Pará não), mas quer que a imprensa não reflita isso? A imprensa vai atrás do que é notícia, do que dá Ibope ou vende jornal! Óbvio! Sem contar que a reação popular ao caso da Isabela foi algo, no mínimo, grotesco! Uma barbárie, um "querer fazer justiça com as próprias mãos" absurdo. Justiça? Ou vingança?


E aí eu penso naqueles jovens que torturam, matam para roubar um tênis, um celular, uma bicicleta... será que estes não estão extrapolando algo que está disseminado pela sociedade? O de querer o que é do outro, o se incomodar com o sucesso do outro, o se rebelar por não ter a mesma "sorte" do outro? Agravado, em boa parte dos casos, com a adicção às drogas, que detonam o limite entre certo e errado, a coisa sai de controle totalmente. Será que aqueles que citei acima, em outra situação, sem ter o "polimento", o "verniz", não acabariam agindo como estes jovens? Aliás, quantas vezes encontramos pessoas de caráter supostamente ilibado cometendo crimes hediondos? Mas a reação contra estes nunca é igual à reação de um crime cometido por um jovem. Por quê? Não vou entrar aqui na questão da pena de morte ou da redução da maioridade penal, porque teria que me estender demais, não é o caso. Estou olhando apenas as ATITUDES das pessoas, que têm me assustado e muito!


O homem tem essa mania mesmo, de julgar o outro com um rigor que não aplica a si mesmo. Vê a notícia do empreiteiro que oferece propina para aprovar suas obras e já sai dizendo que ele é corrupto, ladrão, uma criatura da pior espécie, mas acha normal oferecer propina para o guarda "esquecer" a multa. Não é assim? :/ Qual a diferença na atitude de ambos?


Vale para tudo! Estes dias vi discussões inflamadas porque a Bela Gil postou uma foto do lanche que preparou para sua filha, totalmente "natureba". Muitos acharam absurdo, alguns defenderam, mas cá entre nós... a filha é DELA, quem tem que saber a melhor alimentação para a menina, é ELA, né não? ;) Se ela é vegana, vegetariana, ou simplesmente se não usa açúcar, comidas industrializadas, etc., por que deveria oferecer estas coisas à filha? É a filosofia de vida que ela segue, e nada mais natural do que ensiná-la à filha. Se, ao crescer, a filha vai seguir esta filosofia, são outros quinhentos! Se, na escola ou em uma festinha, a menina resolver experimentar algo que não é ofertado em casa, idem. Mas, enquanto é pequena, em casa, no restaurante, no lanche que leva para a escola, CLARO que é a mãe quem vai orientá-la! Depois ela usará seu livre-arbítrio para fazer sua escolha de forma consciente. E um detalhe importante: alguém pode afirmar com segurança que a menina não participou da escolha daquilo que foi na lancheira? ;) O fato de pensar diferente, o fato de o seu filho jamais pensar num lanche daquele, ou de você próprio jamais querer aquilo de lanche, não significa que a filha da Bela Gil não possa querer! Caramba! Menos pitaco na vida alheia, gente... 


Nós, em casa, deixamos de comer carne há muitos anos. Não chegamos a nos tornar veganos, mas ovolactovegetarianos. E quando paramos com a carne, minha mãe ouviu de minha avó: "tinha certeza que pararia de comer carne algum dia. Quando pequena era uma luta para lhe fazer comer, você engasgava, tinha ânsia, um horror!" Mas, como a sociedade "impõe" a carne, ela acreditava que devia forçar a barra. A escolha consciente veio, na hora certa. Vale para um lado ou para o outro! ;)


É a mesma coisa que religião, cada família tem a sua, e vai orientar as crianças de acordo com suas crenças. Não é assim? Isso não significa que a criança, ao crescer, vai continuar seguindo a mesma religião dos pais! Meu pai nasceu em família católica, mas se tornou espírita depois que passou a namorar minha mãe. Sendo espíritas, eles não casaram na igreja nem batizaram a mim ou minha irmã, não teria sentido. Eu, como segui na linha do espiritismo, nunca me incomodei com isto, mas minha irmã quis, já adulta, se batizar. Uma escolha dela, totalmente respeitada por todos.


Mas TUDO hoje em dia é motivo de discussão, se o outro não pensa da mesma forma. Seja política, futebol, religião, se é mais legal ter gato ou cachorro, se é mais bonito azul ou amarelo... :P Cada lado mais intransigente que o outro, mais inflamado que o outro, mais agressivo que o outro! Para quê??? Onde isso nos levará? Com certeza a uma sociedade a cada dia mais falida, mais mesquinha, mais violenta. Com certeza conseguiremos que nosso planetinha tenha um astral muito mais pesado, carregado. Legal, né? :(


Falta AMOR nas relações, falei sobre isso outro dia. AMOR, gente. RESPEITO ao próximo, às opiniões do outro. Falta COMPAIXÃO. Vamos descer deste pedestal de "donos da verdade" e olhar para o outro como a um irmão, e não como a um inimigo? Será tão difícil assim? Eu penso que não... ;) 


Eu volto.


Andrea

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