Aos meus amores...


Dia 21/03, Dia Internacional da Síndrome de Down. Um dia de celebrar conquistas, de cobrar mudanças, de tirar da invisibilidade um monte de pessoas ainda ignoradas por boa parte da população.

Para mim, mais do que isso, dia de desejar a cada um dos meus amores que eles consigam conquistar tudo que desejarem! Que não sejam tolhidos, que ninguém lhes diga até onde são capazes de ir, porque certamente podem ir muito além do que essas pessoas sequer imaginam! Que seus pais nunca desistam, que acreditem neles e lutem, muito, para que os direitos de seus filhos seja garantido. Que eles possam estudar em escolas regulares, sendo desafiados a cada dia. Que sejam aceitos no mercado de trabalho como pessoas capazes que são. Que possam andar pelas ruas sem olhares piedosos ou desconfiados. Que possam amar, namorar, casar, constituir suas famílias. Que, como disse o dr. John Langdon Down, eles “sonhem alto o bastante”, e alcem voos cada vez mais longe! O céu NÃO É o limite! ;)

Pensar no dia de hoje me faz pensar em como todo esse meu envolvimento começou... como a maioria sabe, não tenho filhos ou parentes com Down. Até bem pouco tempo, era totalmente leiga no assunto... então, como eu me envolvi desta maneira? Por que o interesse? Por que tanto AMOR? A história começa um bocado longe...

O dia 08/08/88 foi uma data especial do ponto de vista esotérico, representando uma mudança de ciclo importante para o nosso planeta. Acreditem ou não, eu e meus pais sentimos essa “virada” de forma bastante intensa. Muita coisa aconteceu em nossas vidas a partir daquela data, mudanças significativas, principalmente em termos espirituais.

O ano de 1988 propriamente dito foi um ano que podemos chamar de “pesado” em casa. Perdemos muitas pessoas importantes durante ele, passamos experiências fortes, e a carga foi tamanha que causou um travamento de coluna em minha mãe que a manteve presa à cama por mais de dois meses, e uma recuperação bem lenta até ela ficar em forma novamente. Meses depois, começando a estudar a Numerologia, dei-me conta de que minha mãe atravessava naquele período o chamado “número da morte”, onde ela tinha o arbítrio de dar uma guinada espiritual ou desencarnar de fato. Ela escolheu a primeira opção, ainda bem! :)

E, nesta guinada, não só ela, mas também meu pai e eu, acabamos chegando a um grupo espiritualista. Interessante que cada um de nós três chegou ao mesmo ponto seguindo caminhos diversos. Partindo do espiritismo, que era nossa base comum, trilhamos estradas individuais e convergimos para a mesma conclusão. Não abandonamos a base, ao contrário, apenas ampliamos a visão. Foi um período intenso, rico em nossas vidas, que nos transformou por dentro e por fora.

Mas o que tudo isso tem a ver com o “Dia Internacional da Síndrome de Down”? Para mim, tudo! Porque foi neste grupo que tive o primeiro e definitivo contato com os meus amores de olhos amendoados! E como foi isso?

Antes de contar, um pequeno parêntese. Minha mãe, desde muito nova, foi apaixonada por Down. Cursou Especialização em Pré-primário visando, ao final, especializar-se em Educação Especial por causa deles. CLARO que não estou falando aqui do conceito atual de Educação Inclusiva, até porquê isso aconteceu entre o final da década de 1960 para início de 1970! Só que ela casou, eu nasci... e baguncei com os planos dela! Mas era um desejo tão forte que constava, na ficha do homeopata, que a grande frustração da vida dela era não ter trabalhado com Down! Ok... o termo usado na ocasião não era esse ainda, como podem imaginar. ;)

Mas, independente do termo usado, o sentimento dela era de amor profundo e, não por acaso (não acredito em coincidências) acabamos assistindo uma palestra daquele grupo espiritualista onde foi aberta uma proposta de trabalho voluntário com crianças e jovens com Down. Preciso dizer que ela foi correndo se inscrever? E eu e meu pai fomos “na cola”, sem saber muito bem o motivo.

Não vem ao caso aqui detalhar de que forma o trabalho foi desenvolvido, porque eu teria que me estender demais, e não é o caso. Teve seu ciclo e foi encerrado alguns anos após. O que importa é que foi um período incrível, de grande e intenso aprendizado para todos nós. E, mais do que isso, um período que nos vinculou eternamente a essas pessoas.

No meu caso, especificamente, a coisa tomou uma proporção engraçada, maluca até, principalmente depois que minha mãe faleceu, em 2001. Parecia brincadeira, mas onde eu olhasse, o que eu fizesse, dava de cara com o assunto. Sério. Eu ligava a tv, passava uma reportagem. Comprava uma revista, tinha uma matéria. Clicava num link “nada a ver”, aparecia um site, uma referência. Saía de casa, dava de cara com uma criança, um jovem com Down na rua. E eu morava em Serra Negra, onde nem se vê tanta gente com Down assim! Uma amiga até brincava comigo que não era possível, eu devia ter um “imã para Down”! o.O

Tempos depois, resolvi ceder aos apelos de outra amiga, e acabei me cadastrando no Orkut. Comecei a encontrar colegas de escola, amigos com os quais tinha perdido o contato e, quando vi, estava  viciada no bichinho! Aí comecei a interagir mais, procurar comunidades que me interessassem, e acabei encontrando uma sobre síndrome de Down, criada pela Michele, irmã de uma das crianças que eu havia trabalhado (minha linda e figuraça Mylene), hoje uma artista plástica talentosíssima! E aí... foi o “click” que faltava! Comecei a entrar em outras comunidades, acabei me inscrevendo também no Gazzag (alguém lembra deste?) e a me “soltar”!

O difícil SÓ era me apresentar... afinal, quem era eu, qual o meu interesse, estava fazendo o quê ali? Fazer as pessoas entenderem que era por amor, simplesmente, era muito difícil! Até porquê, há cerca de dez anos, quando essa fase se iniciou, o preconceito era bem pior do que hoje, então muitos pais ficavam desconfiados mesmo. Mas aí... através do Gazzag eu conheci a Beth, uma pessoa super especial, que é mãe de um gaaaaaaaaato :D e que me convidou a participar de um grupo no Yahoo, o Happy Down! De novo a “sina” das apresentações, mas dessa vez, como entrei “apresentada”, foi um pouquinho mais fácil.

E a cara-de-pau da pessoa aqui é tanta que, pouquinho tempo depois fui para São Paulo para participar de uma festa do grupo! Mal conhecia as pessoas virtualmente, mas fui assim mesmo! E fui tão bem recebida (como esquecer o mega abraço da Lena na entrada?) que depois disso não tinha mais volta: estava “mordida” em definitivo! Para completar (como se ainda precisasse), aparece uma Bel doida na minha vida e me "nomeia" DindaNet do (seu) MEU Gabriel! :) Um tempo depois, a Cris fez o mesmo convite para o MEU :D Ursão Bernardo! Como resistir?

Daí a começar a entrar em outros grupos, foi um pulo! Mas o que acabou fazendo a diferença, em termos de consciência, mudança de atitude, de cabeça mesmo, foi o grupo Síndrome de Down, também do Yahoo, onde além de pais também participam profissionais de diversas áreas. O Fábio Adiron, seu moderador, é defensor ferrenho da “inclusão ampla, total e irrestrita”, e foi quase um mentor neste processo. Ali eu comecei a perceber o quanto ainda agimos errado, o quanto não enxergamos o nosso entorno, o quanto precisava (e continua ainda precisando) ser feito para que pessoas com deficiência (e aí eu ampliei a visão e passei a ver toda e qualquer deficiência) tenham direito a uma vida digna e plena. A luta pela inclusão tinha entrado em mim, em definitivo.

Eu sempre fui muito “palpiteira”, mas o que falava nos grupos provinha da intuição e da experiência com minhas sobrinhas, que apesar de crianças na época não têm Down. E eu percebia que nem sempre o que falava era levado a sério. Era leiga, totalmente! Ainda assim, xereta que sou, ajudei a organizar um fórum sobre inclusão em Serra Negra, idealizei e auxiliei na elaboração de uma cartilha para a “hora da notícia”, quando os pais descobrem que seu filho (nascido ou em gestação) tem Down. Mas, ainda assim, era leiga. Como corrigir isso?

Foi aí que decidi cursar Pedagogia. Sempre gostei da área da Educação, mas nunca havia pensado nisso em termos de formação, talvez por conta dos comentários que via sobre a desvalorização do professor. Mas eu tinha certeza de que era isso que devia fazer, e fui em busca. Durante os três anos da faculdade, fiz um trabalho “de formiguinha”, levando a consciência da inclusão para meus colegas e professores. Ministrei palestras sobre o tema duas vezes (EU, a tímida das tímidas!), vi muitos conceitos arraigados ruindo por terra, discursos sendo mudados. Valeu a pena! Como não podia deixar de ser, meu TCC foi sobre a inclusão na Educação, e eu inovei na dedicatória, dedicando-o aos meus amores através desta imagem:

Nessa época eu comecei a amadurecer a ideia de adotar uma criança com Down. Algo que já tinha comentado algumas vezes como sendo uma coisa distante, mas não impossível, passou a tomar forma. Comecei a me informar, a ver os procedimentos necessários... as enchentes (aquelas!) atrasaram um bocado os meus passos, mas hoje estou mais próxima da realização. Estou habilitada, aguardando (não passivamente, mas em busca), a minha menininha. :D

Eu só não atuo na área da Educação ainda por causa de um reviravolta que me fez desviar do caminho quando estava no último ano do curso: fui chamada em um concurso que havia prestado para o Banco do Brasil anos antes. Eu passava um período muito complicado, e um emprego com a estabilidade que eu teria ali era quase um sonho! Só que se tornava impossível conciliar o trabalho em escola (a não ser que eu pensasse em termos de EJA) com o banco. O que fazer?

Parti então para a pós em Educação Inclusiva. DE-TES-TO este termo, mas era o nome do curso... Educação Inclusiva pressupõe que existe uma Educação Exclusiva, o que é totalmente inaceitável no meu entender. Mas fiz a pós visando lecionar em faculdade, ajudar na formação de outros professores e, por tabela, um número bem maior de crianças. Este sonho ainda não foi realizado, mas não desisti dele não! ;)

Mais do que isso: continuo estudando e me informando sobre os conceitos de Educação pelo mundo afora. Cada vez mais tenho certeza de que não sou maluca ou, pelo menos, não sou a única por aí, que percebe como esse modelo ainda vigente (na maioria das escolas, pelo menos) de aula expositiva, aluno passivo, enfileirado, ouvindo, ouvindo, ouvindo, está ultrapassado. Muito precisa ser mudado aqui no nosso país (falei disso outro dia, lembram?), e sonho, muito, poder contribuir para essa mudança. Como? Ainda não sei. Mas eu também não sabia o que aquele “imã para Down” significava, e a coisa toda “despencou” em minha cabeça!!! :D

A verdade é que essa trajetória toda começou lááááááá em 1988... começou pelo despertar de um amor intenso, profundo, por essas pessoas lindas de olhos amendoados. Então... bora comemorar o dia deles, celebrar a inclusão e fazer, cada um, um pouquinho que seja para que ela se torne realidade de fato? ;) Conto com vocês!!!

Eu volto.

Andrea

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Um pouco de poesia

Na correria do dia-a-dia está difícil parar e escrever. Mas eu prometi não deixar esse cantinho abandonado, né? ;) Então, resolvi dar uma passadinha ligeira e deixar vocês com uma poesia linda de D. Solange! Uma poesia dela e para ela, plena e linda, como ela É! :D

Eu volto! ;)

Andrea
Plenitude
(Solange Tikhomiroff - set/1981)

Na plenitude de tudo,
Na frieza do escudo,
No baque cego e surdo
Estou viva...

Na plenitude do aço,
No limite do espaço,
Na comunhão do abraço
Estou viva...

Na plenitude do mundo,
No abandono vagabundo,
No sorriso mais profundo
Estou viva...

Na plenitude do amor,
Na agulhada da dor,
No olhar cheio de ardor
Estou viva...

Na plenitude de um verso,
No inverso e no reverso,
Na solidão do universo
Estou viva...

Na plenitude da vida,
Na carreira da descida,
No esforço da subida
Estou viva...

Na plenitude da idade,
Na angústia da saudade,
Na completa eternidade
Estou viva...

Na plenitude do fim,
No lado bom e ruim,
Na plenitude de mim
Eu estou viva!

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Falando um pouco de amor...


Falando do Estatuto da Família na minha última postagem, fiquei pensando em como anda em falta esse sentimento tão apregoado, tão cantado, tão poeticamente declamado... fala-se muito no tal do "amor" mas, na prática, pouco se faz. :( 

Porque não é amor que rege o tal estatuto, é hipocrisia, é preconceito. Não é amor que vemos quando assistimos cenas de internatos para "crianças malcriadas". Não é amor que vemos nas escolas que discriminam crianças com deficiência. Não é amor que vemos quando existem crianças espancadas por horas a fio, até serem mortas pelas próprias mães. Não é amor que vemos quando alguém tem coragem de colocar uma cachorrinha dentro de uma sacola e arremessá-la dentro de um rio. :'(

No meio disso tudo, encontrei um vídeo de uma experiência simples, mas não por isso menos eficaz, que mostra que por dentro somos todos iguais. Portanto, toda forma de amor é válida, é legítima. Assista e se emocione! ;)


Qual a diferença, afinal, entre as formas de amor? Por que um é melhor ou mais certo que o outro? Quem somos nós para decidirmos isso? Deixo vocês com um belo texto de meu pai.

Eu volto.

Andréa
O VERDADEIRO SENTIDO DE AMAR
(Ronaldo Tikhomiroff)


Um sentimento...um estado de espírito...uma “coisa” indescritível... eis algumas definições que o homem produziu para explicar o sentimento de amar. Todas verdadeiras, porém todas incompletas.

Incompletas porque amar é uma sensação, é algo cuja definição está além do conhecimento humano, tão racional e tão emocional. Porque amar é um ato divino, transcendental, uma lei cósmica. A capacidade de amar é algo que o homem esqueceu que possui, mas que ainda carrega, latente, em seu íntimo. Cristo, quando aqui esteve, trouxe a missão de mostrar ao homem como deve ser exercida esta capacidade. Porém, dois mil anos depois, olhamos para trás e constatamos envergonhados que nada aprendemos com Ele. Foram dois mil anos de guerras, genocídios, exploração do homem pelo homem, culminando com a deturpação do ato de amar fazendo-o sinônimo do ato de copular.
“Fazer amor” é muito mais do que irmos para a cama com uma parceira, por mais amor que tal ato possa conter. “Fazer amor” é viver para o bem, é olhar nosso semelhante, nossos companheiros de jornada, com carinho, com dedicação, com aquele sentimento de alegria que brota do fundo de nosso coração e que nos faz verter lágrimas. Amar é COMPARTILHAR a vida com todos os seres que aqui se encontram, com a alegria incontida de estar vivo e poder usufruir da oportunidade oferecida pelo Plano Espiritual de aqui nos aprimorarmos.

Quando saímos de casa pela manhã, cruzamos com diversas pessoas, vemos diversas manifestações de vida, seja nas plantas, nos animais, no próprio ser humano. A quem desejamos um “bom dia”? O que significa desejarmos  um “bom dia” a nosso semelhante? Se entendermos que tal cumprimento é apenas um cumprimento, fruto da “boa educação”, estamos redondamente enganados. Desejarmos um “bom dia” significa vibrarmos positivamente para que nosso semelhante tenha um dia positivo, que possa cumprir suas tarefas a que veio, que seja feliz.

Portanto, não deveríamos desejar um “bom dia” somente àqueles a quem conhecemos, mas sim a todos com quem nos encontramos, por mais desconhecido que seja. Isto seria um ato de amor. Entretanto, se recebermos tal cumprimento de um desconhecido, nossa mente doentia traduzirá como uma atitude de equívoco, de agressão, de insanidade até. Afinal, o homem continua sendo um ser egoísta e prepotente.

Quando olhamos uma planta, seja uma rosa, seja uma urtiga, devemos olhá-la com sentimento de carinho, pois ela também está compartilhando a vida dentro de suas limitações. Isto também é amor. Se discriminamos entre a rosa e a urtiga, não estamos agindo com amor, pois cada qual merece, como ser da Natureza, o mesmo carinho, a mesma energia amorosa. Isto também se aplica aos nossos semelhantes.

Se observarmos o mundo em que vivemos, se analisarmos as atitudes do ser humano no decorrer de sua história, veremos que todas as mazelas a que foi submetida a Terra, com todos seus “hóspedes” incluídos, deveu-se à falta do amor incondicional no íntimo do homem, que preferiu trocar este sentimento divino por outros, mesquinhos, egoístas e degenerativos como a cobiça, a ambição, a inveja, a luxúria e tantos outros “pecados”. Constatamos que, neste final de ciclo evolutivo, no limiar de uma Nova Era, o homem está carente do único bem que deveria legar às gerações futuras: o amor. Triste herança que deixaremos a nossos companheiros do amanhã...


A esperança que ainda persiste é a certeza de que este sentimento, por sua origem divina e transcendental, continua latente no íntimo do ser humano. Precisa ser despertado. Precisa ser aflorado para que o homem deixe de ser a caricatura de uma manifestação humana para se tornar realmente um SER HUMANO. Para tanto, precisamos exercitar nossa capacidade de amar. Em todos os nossos atos, sem qualquer sentimento de reciprocidade, sem qualquer intenção senão a de amar no sentido mais amplo que esta palavra possa ter para cada um de nós. Não sabemos o que é amar mas certamente saberemos amar.

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Estatuto da Família? NÃO! Mil vezes NÃO!

#emdefesadetodasasfamilias

Está em discussão um polêmico projeto (6583/2013) no Congresso Nacional, conhecido como “Estatuto da Família”. Polêmico e retrógrado. Muito. :( Segundo a visão do deputado Anderson Ferreira (PR/PE), só se pode reconhecer como “família” os núcleos formados a partir da união de um homem e de uma mulher. Ou seja, mães solteiras não têm família. Pais solteiros não têm família. Irmãos que criam irmãos não são família. Avós que criam os netos não são família. Tios e tias que criam sobrinhos não são família. Filhos adotivos não são filhos. Gays não têm família. Abre margem para impedir a adoção de crianças por solteiros ou casais homossexuais. Abre margem para impedir as uniões civis ou os casamentos entre homossexuais.

Eu nasci em uma família “padrão”, mas minha irmã engravidou ainda menor de idade e ficou morando conosco, com sua filha. Deixamos de ser família? :/ Tempos depois, engravidou novamente e, apesar de o pai das meninas ter assumido a paternidade, continuou conosco, ela e as duas crianças. Não éramos mais uma família? o.O

Depois que minha mãe faleceu, minha irmã foi morar com um rapaz (não casou, não tinha família?) e as meninas ficaram comigo e meu pai. Também não éramos família? :s

Passado algum tempo, minha irmã já com outro rapaz, com quem está até hoje, levou as meninas para morarem com eles. Mas eles não eram casados, as meninas não eram filhas dele. Não eram família?

As meninas acabaram decidindo morar comigo, onde permanecem até hoje. Não somos família? :(

Se um dia eu concretizar meu sonho de adotar uma menina com Down, não terei família por ser solteira? Bom, nem por ela ser adotiva, não terá nascido de mim... Ou, de repente, nem poderei mais pensar em adoção por ser solteira, vai saber... :'(

Percebem o tamanho do absurdo?

Alguns links sobre o assunto:

Semana passada a ANGAAD (Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção) e o IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família) promoveram um movimento no Facebook e no Twitter contra tal projeto, buscando barrar a tramitação deste, desarquivado recentemente. Pede-se a postagem de fotos como estas que ilustram o post com a hashtag #emdefesadetodasasfamilias.

Pede-se, também, o voto na enquete disponível aqui. O SIM, por incrível que pareça, está vencendo por pequena margem. Quem concordar com o que estou dizendo, por favor, vote NÃO. Divulgue. Compartilhe. Vamos fazer com que este projeto seja novamente arquivado.

Existe, ainda, uma petição online contra o Estatuto, aqui. Já tem quase 4mil assinaturas. Vamos aumentar o número? ;)

O autor deste projeto ficou conhecido por causa de um projeto anterior, aquele da “Cura Gay”, lembra? Agora sai com mais essa... um absurdo total! É homofóbico, para dizer o mínimo. Preconceituoso. Incita o ódio. Parece que ele resolveu promover uma “caça às bruxas” da era moderna.

Então é preferível virar a cara e fazer de conta que o amor entre pessoas de mesmo sexo não existe? É preferível esconder a cara num buraco a enxergar que existem inúmeras famílias hoje fora do tal “padrão”? É preferível deixar as crianças passarem a vida em orfanatos, a deixá-las serem criadas por casais homossexuais ou solteiros? É justo tirar de um sem número de crianças a possibilidade de terem uma FAMÍLIA, de serem amadas, cuidadas, amparadas? :'(

Eu entendo que cada um tenha sua convicção. Mas, ao contrário do aborto, que discuti recentemente, não se está sugerindo que ninguém cometa um crime (nem frente à justiça dos homens nem frente à justiça divina), não se está tirando a vida de ninguém, apenas se pede RESPEITO à vida de cada um, à individualidade de cada um, e à possibilidade de cada um constituir sua família da maneira como o seu coração mandar.

Eu volto.

Andréa

#emdefesadetodasasfamilias

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