Tentando, tentando, tentando...

Desculpem meu sumiço. Foram dias atribulados, confusos, mas que eu pensava, tendiam a trazer a normalidade novamente. Ledo engano!!! Dia 11, sábado passado, voltei para casa. Não podia mais abusar da hospitalidade da D. Lourdes, que me recebeu e à Samara com tanta boa-vontade, afinal de contas. Precisava voltar, deixar vir os móveis, aproveitar o Carnaval para botar um pouco de ordem na casa. Ah, então você está curtindo o Carnaval em meio à arrumação? Não! Como assim?

Muito simples... na noite do dia 11, aquele mesmo dia em que voltei para casa, dia em que fiz mercado para poder retomar a rotina, outra enchente aconteceu. É verdade, infelizmente. Eu e Samara estávamos em casa,  então ainda conseguimos salvar algumas coisas, levando para a casa da vizinha, que tem um segundo andar. Mas tivemos, de novo, que sair às carreiras, deixando tudo para trás. Pegamos apenas uma sacola de roupas que havíamos trazido pela manhã e saímos. Ficamos na padaria, esperando a cidade esvaziar para poder ir para a casa de uma amiga, a quem pedimos abrigo. Estas fotos foram tiradas por outras pessoas, mostram a ponta oposta da praça, em frente à rodoviária, e a frente do Radio Hotel, bem no centro, na rua do comércio.




Com isso, podem imaginar como fiquei? Mal dormi à noite, domingo ainda tentei ir com Samara limpar tudo, mas cadê ânimo? Não parava de chover, havia previsão de chuva forte novamente, o medo de encher mais uma vez, acabei deixando para segunda, quando pusemos a mão na massa (ou na lama), mais uma vez. Com a ajuda de vizinhos, limpamos toda a casa, tiramos o grosso da lama das roupas e objetos, e saímos de volta para a casa de minha amiga. Não tínhamos nem onde dormir ou cozinhar, fora o medo de novas chuvas! Aliás, na segunda, quando ia descendo para casa, ligaram para avisar que os móveis seriam entregues! Ainda bem que deu tempo de segurar, deixar tudo guardado até que eu veja o que vou fazer da vida! Senão teria perdido tudo de novo!!!

Ao longo da semana, surgiram algumas possibilidades de ajuda, para que eu possa alugar um canto e sair de lá, ainda antes de conseguir vender a casa, financiar outra, e mudar de vez. Esbarramos, entretanto, em uma dificuldade: os preços! Continuo em busca, espero que com o fim do Carnaval as pessoas caiam em si e deem uma baixada, porque do jeito que está é impossível! Mas vamos tocando, ainda assim.

A situação está complicada. Tanto a financeira, diante de tudo o que vem acontecendo, não só este ano, mas mesmo a emocional. Tenho tentado me manter firme, animada, confiante, mas confesso que desta vez dei uma baqueada. No domingo mesmo, quando estávamos a caminho de casa e começou a chuva, nem dei conta de chegar até lá. Samara foi sozinha, pegou algumas coisas, viu como estavam as coisas, enquanto eu esperava na rodoviária. Estava me sentindo esvaziada, sem forças, com um nó na garganta que não passava. Enquanto estava lá, um dos corretores passou, e disse que vamos conseguir vender a casa, mas que precisamos dar um tempo, é claro. Durante a semana, trabalhando, a coisa ficou mais tranquila. Muita gente, cabeça ocupada... mas hoje comecei a baquear de novo. E não quero ficar assim, não sou assim!!!

Sou humana, sei disso. Preciso me permitir fraquejar às vezes, mas não gosto de me sentir assim, vulnerável. A verdade é que não aguento mais ficar dependendo da solidariedade dos outros, para ter onde dormir, comer... não estou sendo ingrata, ao contrário. Cada um que tem me ajudado tem minha gratidão para o resto da vida, mas estou precisando ter meu canto de novo, o meu espaço, e o mais rápido possível! Sabe aquela coisa de ficar à vontade, de camisola, comer o que dá na telha, ver o que quer na televisão, ou ficar em silêncio se for o caso? Estou desde o dia 12 de janeiro na casa dos outros, já é a terceira agora, porque minha amiga ia receber gente para o Carnaval e precisei procurar novo abrigo. Não está fácil!!!

Esta incerteza sobre o que fazer, para onde ir, está me corroendo. Deixo entregar os móveis em casa?  Arrumo as coisas lá mesmo? Quem garante que não teremos mais uma enchente até que "as águas de março" fechem o verão? Mas se não acho um canto para alugar, num preço razoável, o que devo fazer? Samara tem dividido tudo comigo, da maneira como consegue. Foi atrás de casa em tudo quanto é canto, tem procurado me dar força, mas também é uma menina ainda, então tem seus altos e baixos de humor, como boa adolescente que ainda é.

Por essas e outras, estou meio ausente de tudo, em silêncio. Não estou em depressão, não é isso. Continuo batalhando, com Fé, coragem, mas estou meio perdida nisso tudo, e não quero ficar me lamuriando com vocês, levando meus problemas... só que estava passando tempo demais, e eu lhes devia uma notícia, depois de toda a força que me deram. Espero voltar com notícias melhores da próxima vez.

Andréa

Leia mais!