20 anos sem minha Vovinha Baixinha...



Que loucura como passa o tempo... 20 anos! Você foi a última dos quatro avós a nos deixar, e para mim a mais difícil, com toda a certeza. Não porque gostasse mais de você que dos outros, mas porque era com quem tinha mesmo mais afinidade. Era com quem ficava à vontade para conversar sobre qualquer assunto. Um encontro de almas, realmente.

Quando, em 1993, vovô "abriu a fila", indo embora daquela forma tão repentina, você já estava doente. Já vinha lutando há tempos, chegou a ficar sem andar e ele lhe fez ficar de pé novamente. E, quando conseguiu... se mandou e nos deixou falando sozinhos. :( Não esqueço jamais a visão da sua chegada para a despedida dele... tão pequenina, tão frágil, que eu jurava que não chegaria nem ao dia seguinte. Mas qual! Era uma LEOA mesmo, guerreira, valente, que nos disse que ele havia lutado para lhe ver de pé e que você não iria cair! :D Lutou ainda três anos, jamais se entregou, mas a "bendita" muitas vezes é implacável. 

A sua "fase final" foi sofrida... mas nem assim você esmoreceu. Não pude estar mais perto de você nesse período, porque tínhamos a loja, que segurei para mamãe ficar ao seu lado, Alessandra estava esperando a Thabata, chegou a ter ameaças de parto prematuro, Samara era pequenina, menos de 2 anos... mas estávamos juntas, como sempre estivemos. Em alma, em coração. E continuamos assim! ;)

Samara foi um capítulo à parte. Ela amava tanto, tanto, tanto a Bisa dela... como esquecer você levantando para ir ao banheiro e ela lhe dando a mãozinha para ajudar, e esperando do lado de fora para lhe acompanhar de volta ao sofá? ;) Tinha um cuidado, uma delicadeza com você, que emocionava a quem via! Quando você foi para o hospital ela ficou super mal humorada, mexida mesmo... um dia, quando mamãe voltou para casa depois de passar a noite com você, ela mostrou uma foto sua com vovô e disse "o biso 'perando a bisa, casa dela"... :'( Como podia, tão pequena, saber tanto???

E na noite de sua partida ela sentiu... chamou muito você enquanto dormia. Depois soube por mamãe que você a chamava também. Depois da notícia da sua partida, ela parecia outra, alegre, como que aliviada por lhe ver livre da dor. Coisas que ninguém explica! ;)

Naquela fase, a música "Se todos fossem iguais a você" se tornou uma constante em minha cabeça... era como se eu a cantasse para você. Na última noite, não conseguia "desligar o som", ela ficou constante, uma despedida nossa, sei lá. Até hoje, sempre que ouço essa música, sinto como se estivesse perto de mim... bom, talvez esteja, mesmo que eu não veja, né? :)

Ah... quanta saudade eu tenho da minha "Dona Benta" nas brincadeiras do Sítio do Picapau Amarelo, que fazia "Mary Poppins" para o lanche, com quem eu passeava por Botafogo, indo até a Mena comprar roupinhas para boneca, ou até a Sears (parando para um sanduíche de sorvete no caminho). Minha "Vovinha Baixinha"... apelido cheio de carinho que lhe dei ainda menina e que você gostava tanto... que brincava comigo de bola, de "mamãe posso ir", e de tantas outras coisas, no pátio da Estácio Coimbra... quantas lembranças e quanta saudade!!!

Vovinha... hoje o dia aí é de festa, de celebração! Então receba meu amor, meu carinho imenso! Que uma chuva de beijos chegue até você hoje, tá? AMO MUITO VOCÊ!

Andréa


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Cuidando daquilo que se divulga


Repetidamente tenho acompanhado casos de boatos e correntes sendo espalhados sem o menor critério. Pior... muitas vezes quem faz isso é gente que conheço, pessoas inteligentes, de caráter, que acreditam de boa-fé em tudo quanto lhes aparece na timeline do Facebook. Sim. Se antes era o email, hoje é o Facebook o grande disseminador dos boatos e correntes! :/

Não estou falando, claro, de brincadeiras inocentes, do tipo "me defina em uma palavra", "diga como me conheceu", nem mesmo destes joguinhos baseados no perfil que vêm se tornando tão populares. As brincadeiras podem até amolar um pouco quem não curte, ou quando aparecem de forma exagerada, mas de modo geral apenas divertem mesmo. Estou falando daquelas coisas sem sentido, correntes mesmo, que visam tão somente a disseminação de algo. Dentre estas, eu destaco alguns tipos:

"O Facebook dará R$0,10 a cada compartilhamento"

Não vai não, gente... é mentira das mais deslavadas, espalhada desde a época dos emails (quando era o AOL que "pagava").

"Divulgue até chegar às autoridades"

Antes de qualquer coisa: você tem certeza ABSOLUTA da culpabilidade da pessoa envolvida? Pense bem antes de responder. "Ah, foi meu amigo (ou irmão, ou pai, tio, quem seja) que compartilhou!" Mas ele tem CERTEZA??? Caso a resposta seja NÃO (e é a resposta em 99% dos casos, aposto), simplesmente NÃO COMPARTILHE! Lembra-se do caso daquela moça linchada porque divulgaram a foto dela na internet, dizendo que fazia magia negra com crianças? Vai ser conivente com algo assim? :(

Agora, se tiver certeza absoluta, ainda assim, pare e pense... será que esta é a forma mais correta de se avisar as autoridades sobre o que quer que seja? Acho que não, né? ;)

Declaração de privacidade

Vamos combinar? Quem quer privacidade absoluta não tem Facebook... simples assim! ;) Você pode até fechar ao máximo sua conta, para impedir mensagens, compartilhamentos, visualização de fotos. Dá para fazer isso facilmente. Mas estas "declarações" sob o pretexto de impedir o Facebook de usar qualquer coisa da sua página... desculpe, mas não valem de nada!

"Se não tem preconceito, compartilhe" 

Amig@... quem não tem preconceito não precisa ficar de autoafirmando na rede... suas atitudes falam por si mesmas! :D Estas mensagens, ao contrário, me transmitem um tom bastante pejorativo, como se dissessem: "olha só, essa pessoa não é bonita (ou perfeita, ou "normal", ou "igual a nós") mas você precisa curtir para mostrar que é legal"! 

"Deixe seu amém e compartilhe"

Estas vêm normalmente acompanhadas de uma foto bem "chocante", de criança ou pessoa doente, ou com alguma deficiência grave, ou ferida, entubada. :( Cá entre nós... há necessidade MESMO de expor estas pessoas? De invadir sua privacidade? Sem contar que muitos casos são montagens, ou são pessoas que já faleceram, que ninguém sabe quem é, qual a história delas...

"Se crê em Jesus, compartilhe"

Oras... Cristo nasceu há mais de dois mil anos, quando internet não era nem sonho... não existia sequer telefone ou energia elétrica! Ele não precisa, pode ter certeza, de que eu compartilhe NADA para saber se eu acredito nEle e sigo Seus preceitos. Ele SABE. E mesmo que eu não acreditasse, não ia mudar NADA também no amor que Ele sente por mim, porque Ele está muito acima disso. Ele ama a todos, independente de crença ou, mesmo, de atitudes. Esse tipo de postagem é só para afirmação de uma ou outra religião, ou para afirmação da pessoa, como se fazer isso mostrasse que é melhor que as outras. 

Fotos de animais desaparecidos, pedidos de doação de sangue ou de ajuda, de modo geral

Por melhor que seja a intenção, antes de compartilhar, verifique a veracidade. Eu tenho, por princípio, só compartilhar pedidos de pessoas que eu conheço e, mesmo assim, se não for para a própria pessoa (ou parente próximo), eu pergunto antes de a pessoa sabe para quem está pedindo. Tem muita coisa falsa, casos já resolvidos, pessoas até falecidas, que os pedidos continuam circulando por aí.

Notícias de falecimento de famosos ou coisas absurdas

Atenção a um detalhe: NOTÍCIA vem divulgada em site de... notícias! Uaaaaaau! :P Compartilhar notícias de falecimento de algum famoso, ou alguma historinha claramente absurda sem ao menos checar em sites confiáveis é querer "pagar mico" de espalhar mentira por aí, né? :P Não precisa muito não... tem preguiça de entrar em algum portal, ou site de jornal, revista? Joga a frase no Google! Sabe o Google??? Pois é... ele destrói facinho essa mentirada toda! :P Fora outros sites bem interessantes que cito mais no final do texto... espia lá! ;) 

Fenômenos naturais ou paranormais

Nada contra, mas gente... checa antes, né? Muita coisa pode até ser verdade, mas o que tem de montagem por aí... afe! o.O Se antigamente, sem metade dos recursos que temos hoje, encontrávamos montes de fotos forjadas, dá para imaginar o que um Photoshop é capaz de fazer? Pois é... Google, ou os sites lá do final, podem ajudar na tarefa!

Frases ou textos de famosos

Vale o mesmo conselho... cheque antes para não "colocar palavras na boca" de quem quer que seja! Já encontrei MUITOS textos com crédito errado, ou que ninguém sabe, na verdade, quem escreveu ou falou aquilo, pode ter sido a própria pessoa que criou o meme, colocando o nome ou a foto de um famoso para lhe dar "crédito" ou "visibilidade".

Fotos de pessoas desaparecidas, em especial de crianças

Deixei este item para o fim, e em separado, porque engloba mais de uma possibilidade: pode ser de uma pessoa próxima, o que me faz agir como falei acima sobre animais desaparecidos ou pedidos, e pode ser uma notícia, e neste caso vale a máxima "CHECAR ANTES", sempre. Vira e mexe as histórias se reciclam e ressurgem como se fossem algo novo e verídico. :/

Existem outras formas, claro, mas acho que aqui consegui abranger a maior parte dos tipos de correntes ou boatos. Vale ter critério, cuidado com aquilo que espalha. É uma questão de RESPONSABILIDADE, em primeiro lugar. Alguns sites podem ajudar, pois existem exatamente para desvendar as farsas. Consulte-os em caso de dúvida:


Antes de apertar o "COMPARTILHAR", pense, verifique. Além de permitir ajudar, de fato, a quem precisa, ainda evita a exposição indevida de pessoas, a disseminação de mentiras, e deixa a timeline mais leve! Vai ser melhor para todo mundo! ;) 

Eu volto.

Andréa


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Iniciando (???) o ano!


Tim-tim! Oi??? 2016 já começou faz tempo??? :/ Ah, é... desculpem... estou atrasadérrima MESMO! Mas depois que as férias acabaram, a correria recomeçou com tudo! Para começar, uma noticiazinha que apareceu no final do ano, mas nem todos estão sabendo...


Pois é! Thabata está grávida! o.O Previsto para maio, Gregório (até segunda ordem é o nome) chega para alegrar nossas vidas! Um menino numa família tão feminina vai ser uma novidade e tanto! Fico imaginando meus pais, meu pai em especial, com um molequinho para chamar de seu! Ia babar ATÉ! :D Agora é providenciar enxoval, para aguardar o pequeno príncipe! 

Iniciando o ano, recomecei o trabalho meio que substituindo meu chefe direto que saiu de férias. Apesar de estar fazendo o mesmo horário de antes, pegar o ritmo foi meio brabo... a gente acostuma com a falta de horário e compromisso, né??? :P

Logo depois, recebi a notícia da prova que fiz em Itatiba (de novo) para tentar lecionar à noite...


Yes! Primeiro lugar! ACHO que esse ano eu consigo uma vaga!!! :D

O projeto 52 de 2015 está em fase de finalização... ainda! :( Produzi pouco ano passado, então estou correndo com os últimos scraps para poder encerrar esse e iniciar o de 2016. No link acima está atualizado até onde eu terminei! ;)

Por enquanto é isso... estou preparando um texto novo, breve eu coloco por aqui! :D

Eu volto...

Andréa

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E o ano que não tinha fim... chega ao fim!


Pois é... finalmente chega a hora de 2015 se despedir! Um ano difícil para muitos, tanto que era comentário meio que geral o fato de parecer não acabar nunca! :D Mas acabou, afinal! Daqui a algumas horas ele se despede de vez e abre espaço para um novo começo, para novas esperanças! Como bem escreveu o grande Drummond:
"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. 

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente."
É bem isso. A cada "virada de ano" temos a sensação de recomeço, de novas oportunidades, novos sonhos... por mais que seja psicológico, a sensação de alegria, a explosão conjunta com os fogos, é real. A gente começa o ano novo de alma lavada, dando por encerrado um ciclo para iniciar outro, e sempre esperando que seja muito melhor! ;)

Então, deixo para vocês a "Receita de Ano Novo", também de Drummond:

     Para você ganhar belíssimo Ano Novo
     cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
     Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
     (mal vivido ou talvez sem sentido)
     para você ganhar um ano
     não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
     mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
     novo até no coração das coisas menos percebidas
     (a começar pelo seu interior)
     novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
     mas com ele se come, se passeia,
     se ama, se compreende, se trabalha,
     você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
     não precisa expedir nem receber mensagens
     (planta recebe mensagens?passa telegramas?).
     Não precisa fazer lista de boas intenções
     para arquivá-las na gaveta.
     Não precisa chorar de arrependido
     pelas besteiras consumadas
     nem parvamente acreditar
     que por decreto da esperança
     a partir de janeiro as coisas mudem
     e seja tudo claridade, recompensa,
     justiça entre os homens e as nações,
     liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
     direitos respeitados, começando
     pelo direito augusto de viver.
     Para ganhar um ano-novo
     que mereça este nome,
     você, meu caro, tem de merecê-lo,
     tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
     mas tente, experimente, consciente.
     É dentro de você que o Ano Novo
     cochila e espera desde sempre.


Que no próximo ano sejamos mais tolerantes, mais amorosos, menos juízes da vida alheia. Que saibamos a respeitar a opinião e a postura de nossos semelhantes, sem tantas críticas, sem nos sentirmos "donos da verdade", sem tanto "mimimi". Que aprendamos a olhar a diversidade com compreensão, aceitação, respeito. Que a inclusão deixe de ser pauta de discussão e se torne realidade. Que os direitos de todos a uma vida digna, plena, seja respeitado. :D 

Um FELIZ 2016 a você e sua família! Que seja um ano de prosperidade, de sonhos realizados, de muita saúde, muita alegria e muito, muito, muito AMOR!

FELIZ ANO NOVO!!!

Eu volto.

Andréa

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Vamos celebrar!!!


Amanhã comemoramos o aniversário de nascimento do Cristo! :D É hora de elevarmos nosso pensamento para lembrar dAquele que veio nos falar de AMOR. Amor de verdade, universal. Amor sem limites, sem preconceitos, sem escolhas. Sentimento tão em falta hoje em dia... tenho falado tanto nisso... que tal aproveitarmos a data para relembrarmos as Suas palavras, as Suas lições, e passarmos a olhar nossos irmãos com mais tolerância e com menos julgamento? 

Antes de pensarmos na ceia, nos presentes, que tal uma oração para agradecermos pelas bênçãos recebidas ao longo do ano? ;) Por mais provações que tenhamos passado (e foi um ano bem complicado para muita gente, em vários sentidos), certamente temos MUITO a agradecer! Cada prova nos traz uma lição, um aprendizado. Cada queda traz uma guinada, um impulso para crescermos ainda mais. Cabe a nós, claro, usar nosso livre-arbítrio para perceber e fazer uso daquilo que nos é mostrado. Afinal, por mais duro que pareça, tenho certeza que nada é à toa, e que jamais recebemos uma carga maior do que nossos ombros podem suportar. E olha... tenho bastante experiência nesse sentido, hein??? ;)

Vamos celebrar! Que Deus abençoe a cada um de vocês, suas famílias, seus entes queridos. Que a noite seja de festa, mas também de festejar Aquele que veio há mais de dois mil anos para nos ensinar que é o AMOR a chave de tudo.

Deixo para vocês um texto de meu pai.

FELIZ NATAL!!!

Eu volto!

Andréa

É NATAL
(R. Tikhomiroff)
É tempo de renascer...
Simbolizado pelo nascimento do Menino-Jesus -  portador da mensagem divina do Amor Universal - o renascimento das esperanças do homem se faz presente em todos os corações...
É tempo de repensar...
Afinal, de que valeu a vinda do Filho de Deus, exemplo de humildade, pureza de espírito, amor e fé, se o homem o esquece a cada dia? Será necessário fixarmos uma data para que, ao menos uma vez ao ano, nos lembremos de tão sublime Ser?
É tempo de reavaliar...
Nossos atos do dia a dia são coerentes com nossa manifestação de alegria a cada Natal? Será hipócrita esta atitude? Temos realmente devoção ao Cristo se o negamos a cada instante, lutando como verdadeiros animais pela nossa sobrevivência? Onde está a verdadeira Fé?
É tempo de arrependimento...
Aproveitemos este Natal - porque não? - para passarmos a limpo nossa consciência, dita cristã, e nos tornarmos realmente merecedores do sacrifício do Cristo. Nunca é tarde lembrar que o nascimento daquela criança, há dois mil anos, foi um ato de Amor ao homem, pois a partir de sua chegada à Terra iniciou-se seu sofrimento por nós.
É tempo de Natal...
Vamos iniciar o cultivo, em nossos corações, do amor a nossos semelhantes, às plantas, aos animais, à Terra e ao Cosmos, pois deles todos somos irmãos perante o Pai único. Que isso aconteça a cada dia, a cada instante, sem a necessidade de nos valermos de datas especiais para nos redirecionar em nossa caminhada. Foi isso e somente isso que nos ensinou o Menino-Jesus...
Tão pouco...e tão infinito!
Feliz Natal!

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Respeitar a linguagem é respeitar o outro


Estou prometendo este texto há tempos... se eu fosse escritora estaria (mais) falida! Vejo e revejo os textos tantas vezes, corrijo, altero, mudo... é um processo longo até eu achar (mesmo sem ter muita certeza) que está bom e decidir publicar. :D Insegura? Exigente demais? Um pouco de cada, talvez... :P

Comecei a escrever este texto por causa de comentários que me incomodam profundamente, vindos de pessoas amigas até (e não são por maldade, apenas costume) sobre seus filhos com deficiência. Muitas vezes estas mães se referem a si mesmas como "mães especiais". Não duvido que o sejam, mas acredito sinceramente que todas as mães que amam seus filhos (com ou sem deficiência) e que batalham por eles, por seus direitos, são especiais. A missão de cada uma (de cada um) é única, cheia de percalços, não é o fato de ter um filho com deficiência que vai fazer ninguém melhor que o outro, e sim as atitudes perante a vida, as dificuldades, as possibilidades. ;) 

Afinal, uma mãe solteira, que cria sozinha seus filhos (ainda que não tenham deficiência), não é também especial? Uma mãe que batalha para tirar seu filho das drogas ou das más companhias (e não se iludam, ninguém está livre disso) não é também especial? Uma mãe analfabeta, que luta para ver seu filho formado, não é também especial? Uma mãe que tem um filho com bronquite, diabetes, cardiopatia, câncer, que tem que lutar pela saúde de seu filho diariamente, não é também especial?

Mas o que me incomoda, de verdade, é quando as mães se referem aos seus filhos com deficiência como "meu filho especial"... porque invariavelmente me lembro do questionamento do filho de uma amiga, ao vê-la falar desta forma de seu irmãozinho: "mãe, por que só ele é especial? Eu não sou?" O que se responde a uma criança nessa situação? Todo filho é especial, sejam quais forem suas necessidades, poxa! :( Imagina como se sentem os irmãos dessas crianças... uma criança, independente da sua condição física ou genética, é uma criança e é assim que deve ser tratada. Diferenciar as crianças com deficiência das demais só aumentará o preconceito e a discriminação. Afinal, se os próprios pais a distanciam, como podem pretender que os outros olhem para ela sem piedade?

Entenda: não estou falando de ignorar a deficiência ou as diferenças que ela traz, mas de se tratar a criança com deficiência da forma mais comum quanto for possível dadas as suas condições. De permitir que ela viva com as outras da forma mais natural possível, que conviva, brinque, corra riscos. Que ela seja exigida para que possa se superar (como qualquer um, aliás). Que ela seja desafiada. Que não fique encarcerada numa redoma de vidro como um ser estranho que deve ser admirado de longe. A deficiência jamais deve vir à frente da pessoa. O indivíduo é o mais importante, não a sua deficiência! Como diz meu amigo Fábio Adiron, "a inclusão começa em casa"! Pense nisso! ;)

E já que comecei a tocar no assunto "linguagem", não há como não esbarrar no tal do "politicamente correto" que é tão atacado hoje em dia. É claro que tudo que é exagerado perde o sentido, mas na verdade o que se espera é que as pessoas sejam tratadas com respeito, independente de suas características. E vale para tudo! A pessoa que usa óculos não é "quatro-olhos", a que está acima do peso não é "balofa", a que está abaixo do peso não é "varapau". ;)

Não há problema em falar que uma pessoa é negra, mas se começar com "escurinho", "pessoa de cor", ou termos ainda mais chulos que vemos diariamente, a coisa muda de figura. Pense: por que as pessoas dizem "bonito aquele rapaz negro" ao invés de "bonito aquele rapaz"? Alguém diz "bonito aquele rapaz BRANCO"??? Então por que é preciso destacar a etnia quando a pessoa em questão é negra? :/

Se uma pessoa é gay, este é o termo correto, podendo até ser homo, bi, transexual, mas não "boiola", "sapatão", ou outros termos ainda piores. Se a pessoa é cega, pode-se usar este termo normalmente, assim como "deficiente visual", mas não é "ceguinha", né? O surdo, ou deficiente auditivo, não é "surdo-mudo", pode apenas não ser oralizado por ter nascido surdo e não ter desenvolvido a oralidade. A pessoa com deficiência física, que pode ser identificada (se for o caso e não apenas como um rótulo) como cadeirante, não é "aleijada". Não se usa mais, sequer, o termo "portador de deficiência". Quem porta algo pode deixar esse algo em qualquer lugar, e isso não ocorre com a deficiência. Portanto, o correto é dizer que a pessoa TEM deficiência. Simples assim. ;)

Percebe que não precisa um esforço tão gigantesco, que basta respeitar o outro? Entrando em um campo um pouco mais nebuloso, o da deficiência intelectual (e não mais mental, para não confundir com as doenças mentais que são totalmente diferentes), encontramos uma série de termos pejorativos que são usados comumente pelas pessoas como forma de depreciar o outro, ou (o que é pior) como xingamentos mesmo. É o caso de "mongoloide" e "retardado"...

Há muitos anos, as pessoas com síndrome de Down eram chamadas "mongoloides" devido à semelhança de suas características físicas com as das pessoas nascidas na Mongólia. Era o termo que constava na ficha do homeopata de minha mãe (comentei a respeito aqui) e, mesmo, no grupo espiritualista onde comecei meu contato com estas pessoas. Só que o termo passou a ser usado de forma muito depreciativa, como adjetivo para pessoas incapazes. Não à toa, as próprias pessoas com Down não o aceitam mais, e continuar a utilizá-lo é forma grave de ofensa a todas elas, mesmo que o termo seja direcionado a uma pessoa sem Down. 

Só para terem uma ideia da extensão disso, há alguns anos um apresentador da MTV, no programa de maior audiência da emissora, "brincou" com um colega chamando-o de "mongoloide". A reação foi imediata! Os jovens com Down que assistiam à MTV ficaram indignados, e com razão! A MTV recebeu uma enxurrada de mensagens de repúdio, dos jovens, dos pais, dos grupos de apoio, e acabou gravando pequenos esquetes com jovens com Down falando dos mais diversos assuntos (profissão, política, hobbies, etc.) para exibir ao longo de sua programação, como forma de se retratar.

Com relação ao "retardado", que as pessoas usam como se fosse água, e que afeta não só às pessoas com Down mas a todos aqueles que têm algum tipo de deficiência intelectual, a coisa é tão séria que existe todo um movimento para banir de vez por todas a "palavra com R". Dê uma espiada aqui. ;)

Ou seja, antes de considerar o "politicamente correto" mera chatice, pense se você gostaria de ser chamado daquela forma ou se iria se sentir ofendido. Antes de fazer uma piada, veja se ela é realmente engraçada ou se apenas está disseminando alguma forma de preconceito. Antes de colocar um apelido em alguém, veja se ela vai curtir, se vai achar carinhoso ou engraçado, ou se vai se aborrecer com ele. CLARO que todos cometemos erros, mas se nos mantivermos alertas, cada vez isso acontecerá com menos frequência! Será que é pedir demais? Será que existe alguém tão perfeito assim, que seja capaz de escapar incólume de toda forma de depreciação, de falta de respeito?

"Quem de nós é um ser humano exemplar, quem de nós não tem espelho pra se olhar, quem de nós é capaz de atirar a primeira pedra sem se machucar?" (Álvaro Socci/Claudio Matta)

Só para terminar, esqueça um pouco o termo "normal". Afinal, o que é ser "normal"? Qual o parâmetro? Quem pode decidir isso? Então use, sem medo de errar, "comum", "regular", "típico" e, no caso de pessoas, "sem deficiência" basta como definição.

Prestar atenção na linguagem é respeitar o outro, é tratar o outro como queremos ser tratados. É perceber que ninguém é melhor que ninguém. É olhar o outro com olhos de amor e de igualdade, e não de crítica ou superioridade. Não é difícil, basta prestar um pouquinho de atenção. Vamos tentar? ;)

Eu volto.

Andrea
(e não se esqueçam da campanha do Passo a Passo! Eles precisam MUITO da sua ajuda!)

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Com Você "Passo a Passo" em Nova Casa


Amigos, assunto mega importante! 
O Instituto Passo a Passo é uma instituição seríssima aqui em Itatiba, que atende crianças e adolescentes com deficiência ou dificuldade motora através da Equoterapia. Já participei de algumas ações lá, inclusive fiz palestras em duas ocasiões, e agora a instituição precisa da nossa ajuda, pois o local locado para o trabalho há 14 anos foi pedido de volta e eles precisam arrumar outra sede com urgência. 
Segue abaixo o texto da campanha, extraído do site Kickante
Colaborem! Divulguem! Ajudem!
Obrigada!
Andréa

Há 14 anos, nós do Instituto Passo a Passo –  facilitamos o desenvolvimento humano por meio do cavalo. Atendemos crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência ou dificuldade motora, emocional e de aprendizagem, por meio da Equoterapia.
A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas da saúde, educação e esporte.
Equoterapia na Paralisia Cerebral
E um método reconhecido pelo Conselho Regional de Medicina e a instituiçao é filiada a Associação Nacional de Equoterapia- ANDE BRASIL.
Oferecemos o tratamento de Equoterapia, totalmente gratuito. A criança fica por dois anos, e após este período, atendemos a outras pessoas da fila de espera, que hoje ultrapassa o número de 100 pessoas.
Atendemos em torno de 90 crianças e adolescentes e suas  famílias, para que estas se fortaleçam e consigam otimizar o desenvolvimento dos seus filhos em seus lares e nas escolas.
Equoterapia e autismo
Infelizmente, com o crescimento de Itatiba/SP em ritmo acerelado, o local que locamos pra realizar os atendimentos  nos foi pedido pois será loteado. Temos 5 meses para encontrar um local para nossos 11 cavalos, 90 crianças e famílias, voluntários e colaboradores, para que esta atividade não pare.
Para que possamos dar continuidade à nossa missão de facilitar o desenvolvimento integral dessas pessoas por meio do cavalos, necessitamos, o quanto antes, mudar para outro local. Após muita procura, encontramos o local ideal no município de Itatiba e acolher tanto os nossos praticantes, cavalos e todos que trabalham para essas pessoas.
Sindrome de Down e Equoterapia
Agora, precisamos do seu apoio para conseguir o recurso necessário para aquisição da nova terra!
Queremos que esta iniciativa consiga  envolver um grande número de apaixonados por cavalos, por pessoas e pela Equoterapia.
QUEREMOS UM MUNDO MELHOR POR MEIO DE PESSOAS MELHORES.
Participar é muito, muito fácil. São dois passos:
1.   Escolha o valor da sua contribuição
2.   Escolha a forma de pagamento, boleto ou cartão de crédito (parcele em até 6x com parcela mínima de R$ 25).

Equoterapia e Sindrome de Down
Kickante é um site seguro e é um dos maiores sites de crowdfunding do mundo arrecadando fundos para causas nobres no Brasil afora e tirando muito projeto sensacional do papel.
O Instituto Passo a Passo  está situado atualmente em um Haras no bairro do Cruzeiro, em Itatiba, interior de São Paulo, onde conseguimos, além de proporcionar os atendimentos equoterápicos,  ministrar cursos para profissionais da Equoterapia e trabalhar com o desenvolvimento de líderes por meio do cavalo.
Porém, não conseguiremos ampliar nossa atuação, e nem dar continuidade a este projeto se não formos para nossa casa. 
Estamos em uma nova fase. Nestes 14 anos de atuação, e 10 anos com a entidade fundada, atendemos mais de 1500 pessoas e muitos profissionais das áreas da saúde, educação e equitação passaram por nós para poder multiplicar uma Equoterapia de qualidade no Brasil. 
Mas, para que possamos dar continuidade ao desenvolvimento de pessoas com deficiências por meio da equoterapia, preparar mais profissionais para atuação nesta área e possibilitar o desenvolvimento humano por meio do cavalo, a mudança se faz necessária e urgente.

Cursos de Equoterapia no Instituto Passo a Passo
Porque continuar em Itatiba?
Com  a estimativa - 111.620 habitantes - 2014 (IBGE) e expressivo número de crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência ou necessidade educativa especial, Itatiba precisa que o Instituto Passo a Passo supere este desafio.
Trabalhos cientificos apresentados em congressos nacionais e internacionais demonstram a importancia do trabalho realizado para inserção social e alfabetização dessas crianças.
Com apoio que sempre tivemos da sociedade e do setor publico , com a grande demanda de pessoas a serem atendidas e com os profissionais capacitados residindo na região, cremos que podemos continuar contribuindo com essas pessoas.
Por estar perto, mas suficientemente afastada do agito de São Paulo: são 80 km pelas Rodovias Fernão Dias e Bandeirantes,, com boas estradas de acesso, localizada no circuito das frutas e com abundante natureza  os cavalos podem ter uma qualidade de vida e proporcionar saúde para os que dele necessitam.
Estamos vivendo um momento único, certos de estarmos tomando uma decisão apropriada e bem ponderada.
 Queremos dar continuidade ao nosso trabalho e missão de vida. 

Precisamos efetivar a compra da propriedade, por isso contamos com todos os nossos amigos e parceiros!

Equoterapia do Instituto Passo a Passo
A hora é agora! Contribua com

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Oremos...


"Duas tragédias causadas pelo homem. Uma pela ganância, outra pela ignorância. Uma aqui e outra lá. Ninguém é obrigado, como estão dizendo por aí, a escolher uma para orar, escolher uma para ajudar. Ajude os que estão aqui, reze pelos que estão lá. Ignorar não ajuda aqui e não ajuda lá. E que Deus ajude os que estão sofrendo, e os de bem que ainda resistem por aqui."
(retirado da página "Life on a Draw! Desenhos" do Facebook)



Parece incrível, mas a tragédia em Paris ontem acendeu uma nova "competição"... quem comenta ou lamenta o ocorrido é atacado por estar "esquecendo de Mariana". o.O Como se uma tragédia pudesse simplesmente apagar a outra. E as pessoas nem sequer estão lembrando das outras tantas que ocorreram também nos últimos dias... o terremoto no Japão com risco de tsunami, os atentados ocorridos no Líbano, o avião abatido na Rússia, a guerra civil (e os refugiados) da Síria... fora as tragédias de menores proporções, que atingem pessoas individualmente (ou em menores grupos) todos os dias. Nosso planetinha vive um verdadeiro caos, essa é a verdade! :'(

Gente... tiremos de nossos corações o ódio, a intransigência, o desejo de vingança, o sentimento de "bem-feito, foi merecido" ou de "isso não me diz respeito". Tratemos de cultivar o AMOR em sua plenitude. Tratemos de olhar o próximo como um irmão que é digno de nosso amor e nossa compaixão. Deixemos de tentar medir a dor do outro como se fosse possível mensurar quem merece mais. Deixemos de nos importar com fronteiras, querendo saber se tem algum brasileiro ferido na França, como se o fato de ser "dos nossos" o fizesse mais merecedor do que todos aqueles que lá estavam! :(

Oremos pela paz, pela harmonia, pelo AMOR, para tentar elevar a energia do astral coletivo. Oremos por todos aqueles que estão vivenciando momentos críticos, independentemente de onde ou porquê. Oremos por quem precisa, sem pensar na nacionalidade, na etnia, na religião. Oremos. Apenas isso. Por nossos irmãos e por nosso planeta tão maltratado. Seja qual for a crença de cada um, não importa. Apenas... oremos. 

E busquemos fazer o bem a quem nos for possível, da forma como pudermos, como estiver ao nosso alcance. Um prato de comida para um pedinte na esquina, um pacote de fraldas para um bebê sem recursos, um abrigo para um animal abandonado, um dia em um orfanato (ou asilo, ou hospital), arrecadação de doações para quem precisa, o auxílio em um local atingido por uma tragédia, o engajamento numa missão humanitária. Não importa o "tamanho" da ação, mas sim que ela seja feita com todo seu coração. O valor do ato não está na sua dimensão, mas no AMOR que lhe for dedicado.

AMOR. E muita oração. É isso que nosso planetinha anda precisando.

Eu volto.

Andréa

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Mais amor por nossas crianças, por favor!


Esta semana um vídeo "viralizou" na internet, mostrando um garoto em crise, detonando uma sala de aula. Uma criança de seus seis ou sete anos, completamente fora de controle. A equipe da escola, então responsável por ele, ao invés de tentar acalmá-lo, contê-lo, ao contrário o estimulava a continuar naquele comportamento. Eram diversos adultos ali, supostos EDUCADORES, que ao invés de fazer algo de positivo, diziam que não podiam "bater, segurar", que precisavam chamar os bombeiros, a polícia, a assistente social... e além de nada fazer, ainda filmaram e expuseram uma criança na internet. :(

Assistindo ao vídeo não consigo deixar de ficar triste, angustiada, por pensar no quanto este garoto está sofrendo. Ele não tem culpa de estar assim. Se chegou a este ponto algo de muito sério aconteceu e acontece em sua vida. Maus tratos? Abusos? Falta de limites? Falta de uma família estruturada? Presença de algum distúrbio neurológico? Falta de AMOR? Algumas ou todas as anteriores? Não há como saber. :/

Temos apenas um vídeo, que não compartilharei, pois o garoto já foi por demais exposto, mostrando alguns minutos de uma situação extrema. Não se sabe o que aconteceu. Não se conhece a história desse menino. Certamente não é mera "falta de surra" como tantos vêm falando. É muito simples culpar a criança. Mas como é fácil julgar os outros! Como é fácil julgar uma CRIANÇA! o.O É muito simples responsabilizá-la. Evita-se, assim, a necessidade de investigar o caso a fundo. Evita-se a necessidade de AJUDAR o garoto (e ele precisa de muita ajuda, é evidente). Evita-se a necessidade de compreensão, de compaixão. Mais fácil surrar do que abraçar. Mais fácil atacar do que ouvir. :'(

Vendo o vídeo acabei lembrando de um trabalho que participei com crianças e jovens com Down. Havia uma menina de 12 anos, Andrea, por coincidência, que os voluntários evitavam, porque era "difícil" (leia-se agressiva, teimosa, indisciplinada, jogava as coisas longe se fosse contrariada). Ainda por cima era grandona, forte. Ninguém se atrevia sequer a levá-la para dar uma volta no quarteirão. Ficava sempre dentro da casa com uma das voluntárias enquanto os outros passeavam.

Em determinado momento houve uma reestruturação e meu horário coincidiu com o dela. Cheguei apreensiva, confesso. Tinha uns 20 anos na época, e as coisas que ouvia a respeito dela eram assustadoras. Só que eu comecei a observar... ela brincava de escolinha (sendo ela a professora) gritando com as bonecas e colocando-as de castigo. Brincava de casinha (ela no papel de mãe), gritando, ameaçando e batendo nas bonecas. Alguma dúvida de como era a vida dessa menina em casa e na escola? :( Conversei com as voluntárias que iam à casa dela, mostrei que precisavam uma atuação mais firme junto à família, que a mãe tinha de questionar a escola também.

E, pelo meu lado, comecei a buscar uma aproximação, mas ela era muito resistente. Devagarinho, falando baixo, ela foi baixando a guarda. Quando se descontrolava, eu buscava contê-la, abraçando-a por trás. Se ela tentava "ganhar no grito" eu me mantinha firme. De repente ela descobriu que tínhamos o mesmo nome e isso ajudou à beça, porque criou uma identificação. Ela não era mais uma "estranha", havia alguém com o mesmo nome dela! :D

Aí eu decidi que naquele dia íamos passear no quarteirão. Expliquei antes que ela teria que obedecer, senão voltaríamos. Lógico que o começo foi difícil. Ela me testou várias vezes. Mas ao perceber que me mantinha firme foi aprendendo a se controlar.

Aos poucos, ela foi melhorando. Revelou-se uma menina carinhosa, amável. Só precisava que alguém olhasse para ela, prestasse atenção. Alguém que a levasse em consideração, que a considerasse importante. Sem precisar de gritos. Sem precisar de agressões físicas. Uma menina que me ensinou muito e de quem até hoje sinto saudades. :D

De encontro ao meu depoimento, uma mãe postou um vídeo corajoso, defendendo o garoto, e falando do seu próprio filho, que tem TDAH e que já agiu da mesma maneira! Esse vídeo eu faço questão de compartilhar, pois vale a pena ser visto por todos, em especial aqueles que defendem que o problema é meramente "falta de surra".


Outro exemplo que acabei recordando foi quando minha mãe morreu, porque as meninas eram pequenas. Como já comentei diversas vezes, foi devastador, porque ela teve um enfarte, ninguém esperava. Ficamos sem chão, realmente. Uma das melhores coisas que aconteceu foi ouvir da diretora e de toda a equipe da escola: "cuidem da cabeça de vocês que com as meninas a gente ajuda". Samara, então com 7 anos, teve diversos momentos de carência durante a aula, e o professor a pegava no colo, dava aula com ela ali. As professoras da Thabata (que tinha 5 anos) fizeram uma "roda de conversa" sobre o tema, ajudaram não só a ela mas a toda a turminha. Ajudou-as e nos ajudou, num momento dificílimo, que poderia ter sido ainda mais penoso sem este suporte. Sou grata a cada um deles, e eles todos sabem disso.

Sei que essa história toda mexeu muito comigo... primeiro me chocou a divulgação do vídeo, que considerei de extremo mau gosto por expor uma criança daquela forma, e ainda apontou um despreparo absurdo dos envolvidos naquela situação. Depois, grande parte das pessoas que o divulgaram, fizeram atacando o garoto, chamando de bandido, defendendo surras, "prevendo" que no futuro ele andará armado, e daí para pior. A frase "se fosse no meu tempo" foi recorrente, defendendo a punição física como a "salvação da lavoura". o.O Pois se fosse no MEU tempo, esse menino seria tratado com todo o amor, pois meus pais sempre souberam nos ouvir, cuidar, ajudar. Davam limites sim, mas sabiam enxergar que crises existem e devem ser superadas. E, se para um adulto nem sempre é fácil fazer isso, para uma criança, que não tem domínio da sua expressão, não tem discernimento suficiente, não tem maturidade, experiência, é muito pior! Para que elas superem as crises, precisam de ajuda, dos pais, dos educadores e, em alguns casos, de atendimentos especializados. O que elas menos precisam é de surra! Eu, apesar dos meus 44 anos, não fui criada na base da violência, graças a Deus!!!

Lembrar da experiência vivida com minha querida xará só me deu mais certeza de que esse menino precisa é de muita ajuda. De muito AMOR! Ele é só uma CRIANÇA, caramba, com toda a vida pela frente! Não o julguem por causa de 3 ou 4 minutos de um vídeo que nem deveria ter sido publicado. Não o julguem sem conhecer a sua história, os seus motivos, as suas DORES. Não o condenem a uma fatalidade de crimes e fracassos sem lhe dar a OPORTUNIDADE de ser feliz e se desenvolver da maneira correta. 

Na faculdade eu comentava que o problema da violência nas escolas é só a pontinha de um iceberg que está sendo ignorado. Ninguém se torna violento por nada. Tem muita coisa envolvida, MUITA. O problema é gravíssimo, mas muitas vezes pode, sim, começar como esse garoto. Se ele não for ajudado, sabe-se lá como a sua situação vai se desenrolar... mas se cuidarmos dele, se cuidarmos das nossas crianças... se lhes dermos atenção, cuidados adequados, AMOR, principalmente, talvez consigamos mudar a situação. 

Esse menino, ainda que não tenha nenhuma deficiência, serve também de alerta para a necessidade de as escolas estarem abertas à diversidade, à inclusão de todos os alunos. Há que se estar preparado para as eventuais crises, sejam pontuais ou persistentes. Há que se ajudar os alunos, e mesmo os pais (que não obrigatoriamente têm o conhecimento necessário), a buscar caminhos para um desenvolvimento saudável, pleno, feliz. E tudo começa com AMOR.

Eu volto.

Andréa
(a essência deste texto foi publicado em meu Facebook, mas queria registrá-lo aqui também, e acabei por estendê-lo um pouco. Aliás, criei lá uma página de divulgação do blog, o link está na barra superior.)

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Vivendo em polaridades



Tem me chamado a atenção como estamos, cada dia mais, vivendo em polaridades. Não existe mais meio termo, apenas os extremos. Não existe uma terceira opção. Ou é ou não é. Ou é bom ou é mau, ou ama ou odeia, ou concorda com a opinião do outro e é o melhor amigo do mundo ou não concorda e passa a ser considerado quase que um inimigo mortal. Pois é, as polaridades trazem, muito proximamente, a intolerância com todo aquele que ousa pensar ou ser diferente. Sério, a coisa está ficando até chata...

As últimas eleições acentuaram esse sentimento ainda mais, como se o país fosse dividido entre PT e PSDB. Até comentei isso no meu Facebook na ocasião. As discussões se tornaram de tal forma acaloradas, inflamadas, que eu me abstive de emitir opinião! A quantidade de "amizades" (???) que vi desfeitas pelo simples fato de se PENSAR DIFERENTE foi imenso! o.O Um absurdo total! Quer dizer, só podem ser amigos aqueles que pensam igualzinho? Ninguém tem direito à sua própria opinião? O pior de tudo é que o problema não cessou com o resultado das urnas. Acho até que se agravou! Porque quem apoia o PT continua postando montes de matérias depreciando o PSDB e elogiando o governo da presidente, e quem apoia o PSDB continua postando montes de matérias atacando o PT. E ai daquele que OUSAR contestar, ou emitir uma opinião contrária! Como se o fato de não apoiar o PT ou, até, o simples fato de perceber os erros do atual governo e criticá-los, transformasse a pessoa automaticamente em eleitora do PSDB (ou vice-versa, tanto faz). Como se não se pudesse querer algo totalmente diferente, como se só existissem estes dois partidos. Um extremismo horrendo! 

E o pior de tudo é que isso vale para outras áreas. Peguemos, por exemplo, os protetores dos animais. Eles têm, de fato, um trabalho lindo e muito nobre. Mas se tornam intransigentes, sectários até, com aqueles que pensam diferente ou que agem de forma diversa àquela que consideram correta. Por exemplo, se alguém pede ajuda para doar um cão ou um gato, ao invés de conseguir ajuda acaba recebendo montes de mensagens lhe atacando, sem que alguém sequer se preocupe de apurar os motivos! Oras, eu mesma, depois que passei pelo problema das enchentes, precisei doar dois cachorros que tinha! Não tive escolha! Havia perdido tudo, pela segunda vez, e acabei me afundando em dívidas. Precisei sair da minha casa (que depois vendi por qualquer preço) e ficar dois meses morando de favor em casas de amigos, até conseguir alugar outra que coubesse (e mal) no meu sobrecarregado orçamento! A casa que arrumei, com muita luta, não tinha espaço suficiente para os dois, infelizmente. Eu devia fazer o quê? Levá-los de qualquer forma, deixá-los confinados em um espaço ridiculamente pequeno, apenas para poder bancar a mártir e dizer "apesar de tudo eu fiquei com eles"? :/ Ah sim, e correndo o risco de ser denunciada por maus tratos, já que eles não teriam espaço decente MESMO para ficar? Foi uma situação extrema, concordo, mas ACONTECE! Da mesma forma, se alguém compra um cão de raça é atacado ferozmente por "alimentar o comércio", por "compactuar com criadores irresponsáveis" numa generalização absurda! Claro que existem estes criadores mercenários, sempre existiu. Mas existem também criadores conscientes, como foi meu pai um dia. Criadores que criam por amor à raça, que nem visam tanto o lucro, mas ao menos cobrir os custos da própria criação, que não sobrecarregam as fêmeas com uma cria atrás da outra, que não abandonam os cães que deixam de "servir" à procriação. Basta fazer uma pesquisa antes. E a escolha é pessoal, cada um sabe seus motivos. Eu tenho, hoje, dois viralatas, mas SONHO em ter novamente um boxer. Porque simplesmente AMO boxer, seu jeito, suas características, sua cara bochechuda. Ponto. Se vou comprar ou se conseguirei adotar (como foi a minha Milla), não sei, o tempo dirá. ;)

Em campo mais "espinhoso" encontramos as religiões, e aí a coisa "pega" de verdade... apesar de vivermos num Estado laico, o respeito à crença alheia é algo bem difícil de se encontrar. O que mais se vê por aí é um querendo impor sua religião ao outro, como se a Verdade fosse de seu domínio exclusivo. Como se apenas o "seu" templo, o "seu" livro sagrado, o "seu" Deus fosse capaz de salvar a alma de alguém. :/ Por outro lado, encontramos ateus que, em sua descrença, desdenham da crença alheia também. É só passear um pouquinho pelo Facebook para encontrar absurdos por todos os lados! Uma vez vi a postagem de uma pessoa que tinha uma frase mais ou menos assim: "diz que é cristã mas posta mensagens de Chico Xavier". Oi??? o.O Qual o problema, gente? Uma mensagem bonita, verdadeira, independentemente de quem a proferiu, deveria poder ser usada por quem quer que fosse! Até porquê Chico jamais foi "propriedade" da doutrina espírita, mesmo tendo sido um de seus maiores divulgadores. ;) Também outro dia vi uma postagem de ateus sugerindo que Deus "esqueceu" o cromossomo extra das pessoas com síndrome de Down! Uma mensagem tremendamente preconceituosa, para começar, pois colocou as pessoas com síndrome de Down como "erros", ou como "menos" do que os outros. Mas também uma mensagem altamente desrespeitosa com a crença de todos que não são ateus. Para quê isso??? :( Religião deve trazer, primordialmente, conforto ao coração de quem a segue. Se este conforto vem através do catolicismo, protestantismo, espiritismo, budismo, hinduísmo, ou mesmo do ateísmo, é com cada um. Ninguém tem o direito de dizer que o outro está certo ou errado. É uma questão de foro íntimo, não pode ser imposto! 

Só que o que acontece é exatamente o oposto. Algumas pessoas, imbuídas de um fanatismo imenso por suas crenças, acabam se achando no direito de dar palpite na vida alheia, em determinar o que o outro pode ou não fazer. Se juntar religião e política então... vixe! Sai de baixo!!! Sim, estou de novo falando do "Estatuto da Família", cuja aprovação vem sendo tentada através, principalmente, da chamada "bancada evangélica" da Câmara. Vejam: DE-TES-TO generalizações e nada tenho contra os evangélicos, ao contrário. Tenho diversos amigos que o são e, nem por isso, se tornam fanáticos ou intransigentes com quem não é, são pessoas íntegras, boníssimas, com as quais tenho o maior prazer de estar junto. Mas esta é a forma como a própria imprensa se refere ao grupo de deputados que vem orquestrando esse movimento. 

O "Estatuto da Família", além de querer interferir na vida das pessoas, ainda mexe com direitos já adquiridos. E, ao contrário do que muitos pensam, não vai combater apenas o casamento homossexual (o que por si só já seria motivo para eu não ser favorável à sua aprovação, cada um sabe de si e do que lhe faz feliz), mas combate também todas as formas de família que diferem do padrão. Não sei se leram o texto que publiquei anteriormente, mas lá eu citava uma enquete criada pela própria Câmara, que foi vencida pelo NÃO e cujo resultado foi sumariamente ignorado pelos deputados! Será que ignorariam também se o SIM tivesse vencido? Ou alardeariam o resultado por todos os cantos? Só para fins de reflexão, leiam esta matéria e verão que a coisa é MUITO mais complexa, MUITO mais séria do que uma "simples" intolerância à relação homossexual. 

Aliás, essa intolerância à orientação sexual alheia é algo que já cansou! Não é preciso necessariamente concordar com a escolha do outro, cada um é livre para pensar o que quiser, mas RESPEITAR a escolha do outro é fundamental! Ninguém vive em uma redoma de vidro, ninguém vai conseguir viver sem enxergar casais do mesmo sexo. Eles existem (sempre existiram, aliás), estão aí, nas ruas, nos bares, nos teatros, nas escolas, nos locais de trabalho, nos ônibus, nas praças de alimentação dos shoppings... do seu lado! E ninguém vai mudar isso, esqueçam! Querer aprovar um "estatuto" para boicotá-los, querer impedir que o cônjuge desfrute, por exemplo, do mesmo plano de saúde, querer tirar os direitos do cônjuge em caso de separação ou viuvez, querer impedir um casal de adotar, porque ambos são do mesmo sexo, é absurdo! No caso da adoção, estes casais, justamente pela compreensão que têm das minorias, muitas vezes aceitam aquelas crianças que ninguém quer, aquelas que são mais velhas, ou têm irmãos, ou alguma doença, deficiência... então seria melhor que essas crianças e jovens continuassem em abrigos, muitas vezes maltratadas, ou em péssimas condições? Basta uma pesquisa rápida para ver que casos assim não são tão incomuns assim! É melhor isso? É melhor essas crianças e jovens serem impedidos de terem uma família, impedidos de serem amados, respeitados, de terem melhores oportunidades, pelo simples fato de que VOCÊ não concorda com esta estrutura? Não é muito egoísmo? Não é muita hipocrisia? :(

Hipocrisia... pois é. BINGO! Essa é a palavra! Recentemente estava vendo montes de comentários sobre o final daquela novela/série, sei lá o que foi, "Verdades Secretas"... elogios e mais elogios à trama... caramba! A menina queria ser modelo, se prostituiu, se tornou amante do padrasto, e todo mundo bate palmas? Isso é legal??? o.O Agora, quando a Fernanda Montenegro e a Natalia Thimberg deram um beijo, numa cena linda, delicada, mostrando uma relação estável de sei lá quantos anos, foi um alvoroço! Quando o Boticário fez uma campanha do Dia dos Namorados com casais se ABRAÇANDO (e foi apenas isso), foi um "auê"! Ambos os casos geraram inúmeros protestos, campanhas de boicote... mas a menina amante do padrasto é super bacana e todo mundo aplaude só porque o casal é hetero? o.O Fala se isso não é hipocrisia? Aliás, será que aquele núcleo formado pela mãe, o padrasto e a menina (filha dela e amante dele) seria considerado como FAMÍLIA pelo tal Estatuto??? Fala sério! 

Mas voltando às polaridades, além dos temas "polêmicos" que citei, ainda existem aquelas pessoas que se acham no direito de dar palpite na vida alheia, quando não concordam com algo que as pessoas postam nas próprias páginas! Qualquer coisa pode virar "terreno minado", "campo de ataque"! Pode ser a mãe que continua amamentando o filho que já tem mais de um ano, ou aquela que desabafa porque não consegue amamentar, pode ser alguém falando da sua alimentação vegana, pode ser a foto de um menino brincando de bonecas, pode ser uma foto no Sea World (nem todo mundo tem a mesma consciência sobre a captura e o confinamento de animais), pode ser alguém que defenda o uso de homeopatia em determinado caso, ou até a simples emissão de uma opinião sobre um programa de TV... enfim... TUDO é motivo para começar uma guerra! :( Não se trata de não concordar com o que foi postado, não se trata de uma discussão saudável, mas de atacar ferozmente quem postou, querendo mostrar o quanto a pessoa está errada em sua posição (porque o dono da verdade assim determinou). Cansa... cansa muito! Eu várias vezes deixo de publicar algo ou comentar uma postagem para evitar esse tipo de stress desnecessário, não tenho paciência. Mas tem cabimento precisar agir assim? :/

Será que não está na hora das pessoas se respeitarem mais, aceitarem as escolhas do outro, pararem de dar palpite na vida alheia? Será que não está na hora de ter um pouco mais de compaixão, de amor ao próximo e parar de se achar melhor que o outro seja porque motivo for? Será que não está na hora de deixar de ser o "dono da verdade", deixar de tanto "mimimi", deixar de querer um mundo em que todos pensem exatamente igual a você? Será que não está na hora de entender que as pessoas pensam e agem diferente de você, mas nem por isso deixam de ser pessoas legais, interessantes, com inúmeras qualidades (e defeitos, claro, você também os tem, mesmo que pense o contrário) e que podem ser amigas de verdade? Para quê complicar tanto? ;)

Não existem apenas dois caminhos separados, eles podem se esbarrar em vários pontos, podem convergir em um terceiro, desviar para outro... por que não se pode caminhar junto com quem pensa diferente? Mais AMOR, gente... tenho repetido isso sempre aqui, mas é o que está faltando, de fato. AMOR ao próximo e RESPEITO à diversidade! ;)

Eu volto. 

Andréa

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